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Se Aragão é a Rêmora, quem é o Peixe grande por trás dele?

Em seu Sermão aos Peixes pregado no séc. XVII, o padre Antônio Vieira faz uma referência à rêmora. É um peixe pequeno que costuma se agarrar a tubarões e vive de sobras de alimentos deixadas por ele e outros peixes maiores. Um peixe “pequeno no tamanho e grande na força”, como versa o sermão do Padre Antônio Vieira.

A Polícia Federal inspirou-se nesse animal para batizar a 4ª fase da Operação Sermão aos Peixes. Nela, prendeu cinco pessoas ligadas ao Instituto de Desenvolvimento e Apoio à Cidadania (IDAC), organização sem fins lucrativos que administrava diversas unidades hospitalares no estado e é acusada de ter desviado cerca de R$ 18 milhões do sistema de saúde público maranhense. Entre eles, o direto do IDAC e presidente estadual do PSDC, Antônio Aragão.

Mas se Aragão, peça chave da 4ª fase, é a rêmora, quem seria o tubarão? Além do IDAC, desde que foi deflagrada, em 2015, a Polícia Federal identificou a participação de outras duas ONGs que eram responsáveis pela terceirização do sistema de Saúde do Maranhão: o Instituto Cidadania e Natureza (ICN) e a Associação Bem Viver.

E até agora, dos mais de 60 mandados judiciais cumpridos, o único gestor público ouvido até agora foi o ex-secretário estadual de Saúde, Ricardo Murad, em uma condução coercitiva. Responsável pela contratação das três empresas durante o último governo Roseana Sarney (PMDB), Murad montou um governo à parte durante sua gestão na Saúde.

Seria a “rêmora” Antônio Aragão um de seus operadores? Um fato curioso parece apontar que sim. Aragão foi libertado na sexta-feira passada, por habeas corpus. O autor do pedido que resultou na liberação foi o advogado Celso Henrique Anchieta de Almeida, ligado ao ex-secretário de Estado da Saúde, Ricardo Murad. Ele foi assessor jurídico da Secretaria Estadual de Saúde na gestão de Roseana Sarney/Murad. E em 11 de fevereiro de 1005, a pedido do deputado Sousa Neto, o advogado foi nomeado para o cargo de Técnico Parlamentar Especial, na Assembleia Legislativa do Maranhão.

Aragão está solto, mas as investigações continuam. Aí talvez saberemos quem foi o destinatário do saque de R$ 200 mil do Idac feito durante a campanha eleitoral de 2014 durante a gestão Roseana.

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