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Bebianno antevê tentativa de golpe de Bolsonaro

Demitido pouco mais de um mês após assumir a Secretaria-Geral da Presidência de Jair Bolsonaro, o advogado Gustavo Bebianno disse em entrevista ao Congresso em Foco publicada nesta terça-feira (29) que não vê como o governo terminar o mandato de maneira normal.

“Infelizmente, o que vejo hoje me preocupa. Não vejo como o governo dele possa chegar ao final de uma maneira normal, pacífica, porque ele e os filhos alimentam essa beligerância. Veja agora o episódio com o PSL e o vídeo do leão e das hienas. É um negócio tão beligerante e personalista, mesquinho, egoísta e tão burro, sem estratégia, sem nada (…) Se pegar a agenda presidencial, você vai ver que não tem trabalho nenhum em benefício do Brasil, zero. Por conta desse quadro muito preocupante, não vejo como ele possa chegar ao fim de maneira pacífica”, disse.
Bebianno enxerga três possibilidades para o governo Bolsonaro: “ou vai buscar a ruptura institucional, ou vai renunciar ou vai acabar recebendo processo de impeachment, porque é impossível se manter mais três anos nesse ritmo”.

Perguntado se acredita em uma ruptura institucional, um golpe, o ex-ministro de Bolsonaro disse que é o que o núcleo duro dele fala, o que Jair Bolsonaro fala. “Não é que eu acredite ou não. As pessoas vinculadas diretamente a ele falam isso. Ele não diz o contrário. Esse Filipe Martins fala em ruptura institucional. O Olavo fala em ruptura. O Eduardo e o Carlos falam em ruptura institucional. O presidente em algum momento desdisse? Deu alguma manifestação contrária a isso? Não, ele silencia. O Brasil está caminhando para um lugar muito pantanoso, escuro e perigoso. Do jeito que esse núcleo duro do presidente se manifesta, vão fazer uma guerra civil? Olavo diz que tem de eliminar toda a oposição. O que significa eliminar a oposição? Diz que tem de fechar os partidos de esquerda. Como seria no mundo prático a operação disso?”, questiona.

No caso da tentativa de ruptura democrática, Bebianno não soube responder se haveria apoio nas Forças Armadas. “Houve ali uma quebra de confiança no início da gestão. O que é até bom. Por conta desses mesmos filhos, o general Mourão foi muito agredido, o general Santos Cruz e o general Eduardo Villas-Boas também. As Forças Armadas também olham com muita desconfiança para ele. Não acredito que ele conseguiria consolidar uma ruptura institucional, mas tudo indica que ele vai tentar. É muito preocupante. Uma simples tentativa pode gerar muito derramamento de sangue. O Brasil não precisa disso. É um risco real. É difícil precisar o momento, mas que essa hipótese é cogitada na cabeça dos filhos, dele, do entorno, isso é.”

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