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Bolsonaro é “maior ameaça” à luta contra covid-19 no Brasil, diz revista científica

A revista britânica “The Lancet”, uma das publicações de maior referência no mundo da ciência e da medicina, classificou qual é o maior risco para o Brasil no contexto da pandemia de coronavírus, que já matou 9.146 pessoas no País e infectou mais de 135 mil: o presidente Jair Bolsonaro.

No editorial, que sai na edição desta semana da revista, Bolsonaro é relembrado pela expressão “e daí?” que usou ao se referir às mortes de brasileiros que, amontoados em hospitais lotados, não receberam uma mensagem de condolências por parte do líder da nação.

Também não foge do editorial as constantes quebras de isolamento social, eventos que foram basicamente parte da agenda presidencial nas últimas semanas quando Bolsonaro saía às ruas para cumprimentar apoiadores ou aplaudir manifestações anti-democráticas.

Há, ainda, destaque para a crise política suscitada pelo presidente no contexto pandêmico, lembrada pela saída do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, e pelo pedido de demissão explosivo de Sérgio Moro, antigo ocupante da cadeira da Justiça e Segurança Pública.

“Quando na semana passada os jornalistas o questionaram sobre o rápido aumento de casos, ele respondeu: “E daí? Lamento, quer que eu faça o quê? ” Ele não só continua semeando confusão, desprezando e desencorajando abertamente as sensatas medidas de distanciamento físico e confinamento introduzidas pelos governadores de estado e pelos prefeitos das cidades, mas também perdeu dois importantes e influentes ministros nas 3 últimas semanas.”, diz a revista.

The Lancet ainda destaca como grupos de pesquisadores no Brasil pertencentes à Academia Brasileira de Ciências ou à Abrasco, por exemplo, correm contra o tempo para lutarem contra o vírus no País. Tais grupos, no entanto, encaram de frente o desmonte da ciência e da saúde pública pela falta de orçamento direcionado a essas áreas nos últimos anos, destaca a publicação.

“No contexto da Covid-19, muitas organizações lançaram manifestos dirigidos ao público, como por exemplo o “Pacto pela vida e pelo Brasil”, e escreveram declarações e apelos a oficiais do governo pedindo unidade e soluções conjuntas. Protestos da população são frequentes e incluem bater em panelas nas varandas durante comunicações da Presidência. Há muita pesquisa a ser feita, desde as ciências básicas à epidemiologia, e há uma produção rápida de equipamentos de proteção individual, respiradores, e kits de teste.”.

Caso não seja possível encontrar uma coalizão de forças, a saída do presidente deverá ser o rumo escolhido para o País, destaca a revista. “O Brasil como país deve unir-se para dar uma resposta clara ao “E daí? “ do presidente. Bolsonaro precisa mudar drasticamente o seu rumo ou terá de ser o próximo a sair”, encerra o editoral (leio-o completo aqui, em inglês). (Carta Capital)

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