Pandemia

Governadores pedem que Bolsonaro abra diálogo com governo da China e da Índia para garantir vacina

O Globo

Governadores enviaram na manhã desta quarta-feira uma carta ao presidente Jair Bolsonaro pedindo que ele e o Ministério das Relações Exteriores façam um gesto de diálogo com a China e coma Índia para viabilizar a continuidade da vacinação no país. Entraves diplomáticos com os países asiáticos atrasam a exportação para o Brasil de ingrediente farmacêutico ativo (IFA) e de doses prontas da vacina contra Covid-19 e colocam em risco o avanço da imunização no país.

Os alertas de uma possível interrupção no plano de imunização foram feitos nos últimos dias pelo Instituto Butantan, que produz a Coronavac, e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), que adiou para março a entrega das primeiras doses da vaciana Oxford/AstraZeneca. O princípio farmacêutico ativo, o IFA, ainda não foi liberado para exportação pelo governo chinês, em meio a uma soma de questões burocráticas e desgaste na relação entre Brasil e China.

No caso da Índia, o Brasil tenta importar 2 milhões de doses prontas da vacina de Oxford, já autorizadas pela Anvisa, mas a vinda das doses para o país ainda não foi liberada. O documento é assinado por governadores de 16 estados ( ES, PE, PB, PI, SP, CE, SE, RN, MA, RS, AP, PA, AL, MS, MT, MG).

“Ao cumprimentá-lo codialmente, os governadores dos entes federados brasileiros que subscrevem este expediente dirigem-se a Vossa Excelência a fim de tratar da premente necessidade de manutenção do fornecimento externo dos insumos empregados na produção de vacinas contra Covid-19 no Brasil”, diz o documento, acrescentando:

“Nesse sentido, solicitam a essa Presidência que seja avaliada a possibilidade de estabelecimento de diálogo diplomático com os governos dos países provedores dos referidos insumos, sobretudo a China e a Índia, para assegurar a continuidade do processo de imunização no país.”

Na minuta da carta, a qual O GLOBO teve acesso, governadores ainda pediam apoio para que a farmacêutica União Química dê início à produção da vacina russa Sputnik, mas o trecho foi suprimido. A reportagem questionou a assessoria do representante do grupo, governador Wellington Dias (PI), sobre o motivo para mudança da primeira versão, mas ainda não obteve resposta.

“Com os nossos cumprimentos, e no momento em que comemoramos o início do processo de vacinação em todos os estados brasileiros e no Distrito Federal e, tendo em vista que o contrato firmado entre o Ministério da Saúde e o Instituto Butantan, para a produção da vacina Coronavac e FIOCRUZ – Universidade de Oxford / ASTRAZENECA e, considerando que os fornecedores do princípio ativo destes imunizantes têm base na China, vimos defender que seja avaliada a possibilidade de Vossa Excelência e a diplomacia brasileira fazerem um gesto de diálogo com o governo chinês, no sentido de assegurar o cronograma do fornecimento do IFA, necessário para a produção das vacinas pelo Instituto Butantan e FIOCRUZ e ainda, solicitamos apoio para a União Química produzir, no Brasil, a vacina Sputinik”, diz o texto.

A vacina russa Sputnik ainda precisa da autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para uso emergencial. O governo da Bahia, que já encomendou a vacina, entrou com uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) para conseguir a autorização.

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