Dino repete Moro e aproveita “lua de mel” para apresentar pacotes
Sérgio Moro e Flávio Dino, ex e atual titulares do Ministério da Justiça e Segurança Pública, buscam se diferenciar a cada aparição ou fala. No entanto, em ao menos um ponto, se igualam: ambos aproveitaram os momentos iniciais do novo Governo Federal para imprimir marcas de suas administrações, em forma de “pacotes”.
O período conhecido no meio político como “lua de mel” se torna propício para isso. O governo eleito começa, geralmente, em alto crédito com a sociedade. Logo, parlamentares não costumam criar óbices a seus projetos iniciais. É a oportunidade vista, antes por Moro, agora por Dino, de alcançarem os holofotes.
Nos primeiros meses de 2019, recém iniciado o governo de Jair Bolsonaro, Moro trouxe à luz o seu “Pacote Anticrime”, que consistia em um conjunto de alterações em 14 leis, visando atacar a corrupção, o crime organizado e os crimes violentos.
O pacote foi sancionado por Bolsonaro no final daquele ano. Com vetos. Em um primeiro sinal de estremecimento na relação entre Presidente e Ministro – Moro deixaria o Governo em abril de 2020.
Menos de um mês após os episódios de vandalismo ocorridos em Brasília, o atual titular do MJSP, Flávio Dino, surge com o “Pacote Antigolpe”.
Também chamado de “Pacote da Democracia”, o dispositivo uma resposta direta aos atos terroristas e de depredação praticados por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro em 8 de janeiro.
Entre as propostas, estão a criação de uma Guarda Nacional permanente, com agentes próprios, em substituição à Força Nacional (de caráter temporário e formada por agentes dos estados), a criminalização de condutas na internet que configurem a prática de atentado contra o Estado Democrático de Direito e a responsabilização de plataformas na internet que não derrubem publicações consideradas “terroristas” e “antidemocráticas”.
A grande mobilização popular também se equipara nos dois casos. Tanto Bolsonaro quanto Lula mostraram-se capazes de arregimentar multidões para que cobrem parlamentares na direção do que almejam para seus governos.
Com Moro, o sentimento geral era “anticorrupção”. Sob Dino, o alvo são grupos extremistas simpáticos ao ex-presidente Bolsonaro.
A diferença entre os dois talvez seja o caminho que Dino pretende trilhar e que não foi alcançado por Moro: o Palácio do Planalto.
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