PASSO A PASSO

Erros e omissões de Ibaneis e Dino causaram caos em Brasília

O governador afastado do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB) e o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino (PSB), passaram as 48 horas que antecederam os fatos do último domingo (08/01) dialogando sobre como tratariam as manifestações – marcadas com antecedência maior ainda – que culminaram nas cenas de barbárie testemunhadas pelo Brasil e pelo mundo.

No meio da tarde de sábado (07/01), já era de conhecimento de todos a chegada de 80 ônibus trazendo simpatizantes do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), contrários ao resultado das urnas que elegeram Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à Presidência da República.

Também era sabido que eles pretendiam marchar a pé. Estavam decididos a ir do quartel-general do Exército (onde estão acampados há mais de 2 meses) em direção à Praça dos Três Poderes. O trecho tem 8,2 quilômetros.

O combinado entre Ibaneis e Dino era que parte dos 13.000 integrantes da Polícia Militar do Distrito Federal – a mais bem paga do país, diga-se – fariam o necessário isolamento dos prédios do Congresso Nacional, do Palácio do Planalto e do Supremo Tribunal Federal.

A Esplanada foi fechada. Para automóveis. Seguia possível chegar a pé até lá, como os terroristas fizeram. possível andar a pé.

Mais ônibus chegaram ao longo da manhã de domingo (08/01), e nenhum sinal de reforço na segurança foi visto.

O outro erro se deu no Ministério da Justiça e Segurança Pública. Flávio Dino (PSB) foi ao Twitter às 19h08 de sábado, antes de ir ao Diário Oficial, anunciar uma portaria autorizando o uso da Força Nacional em Brasília. A portaria só foi publicada na versão digital do D.O.U às 19h11.

A atuação de Dino se limitou à rede social. Não houve sinal de que ele ou alguém de sua equipe tenham ido na madrugada ou manhã do domingo verificar presencialmente se, de fato, os prédios públicos estavam protegidos.

Na noite de domingo, Dino afirmou que o GDF havia assegurado, em reuniões bilaterais, que a preparação “àquilo que lhe cabe”, que era a garantia da ordem pública, estava adequada.

Não havia plano B desenhado, caso algo desse errado. O governo federal poderia ter pedido ajuda a outro Estado, como Goiás, mas não o fez. Para o ministro, o governo federal organizou o lhe cabia, que era a atuação da Polícia Federal.

Ainda na entrevista no início da noite de domingo, Dino não explicou se havia tomado alguma decisão para fazer valer sua portaria demandando a Força Nacional, afirmando que sua atuação é um “complemento” ao trabalho das polícias locais.

Integrantes de forças de segurança atribuíram a falta de controle da situação a um erro no dimensionamento do que poderia ocorrer com a manifestação prevista.

O Ministério da Defesa e o Ministério da Justiça optaram por limitar o campo de ação de extremistas acampados em frente ao QG do Exército, em Brasília, porque pessoas nesses locais estão armadas. A avaliação era de que a retirada à força poderia causar uma tragédia.

O que também estava acordado era não permitir a chegada desses extremistas em condições de invadir os prédios públicos. Nada disso foi feito no domingo.

A Força Nacional de Segurança Pública é comandada pelo governo federal, por meio do ministro da Justiça. Este, por sua vez, depende de uma colaboração efetiva de governadores de Estados, que devem ceder contingente para atuar quando necessário.

Em suma: os fatos gravíssimos que foram vistos poderiam ter sido evitados com uma atuação eficaz das forças de segurança.

Forças estas que, no Distrito Federal, estão sob custódia do interventor Ricardo Garcia Cappelli, nomeado por Lula e indicado por Dino – que não quis assumir ele mesmo a responsabilidade.

Cappelli tem origens de esquerda e fez carreira política no PCdoB, tendo presidido a União Nacional dos Estudantes (UNE). No comando da organização, foi responsável por trazer Fidel Castro a um congresso da entidade, em 1999.

Agora, terá de lidar com subordinados muito bem remunerados e conservadores: os 13.000 policiais militares do Distrito Federal. Terá também o desafio de despachar com o comando da Polícia Militar.

Com informações do Poder 360

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