A denúncia revelada nesta semana em primeira mão pelo Marrapá sobre o suposto uso ilegal da Fundação Sousândrade para operacionalizar um esquema fraudulento de contratações para a Secretaria de Articulação Política (Secap) do Maranhão, cuja titularidade é de Rubens Pereira, começa a ganhar nomes e vozes.

Em áudios atribuídos a Oziel Silva, antigo aliado dos Pereira e atual vice-prefeito de Matões, é possível identificar elementos do que seria uma cobrança quanto à divisão dos recursos vindos da Sousândrade, o que configuraria o conhecido esquema de “rachadinha”, tipificado criminalmente como apropriação indébita.

Em conversa com Apoena Camila, sua interlocutora nos áudios, Oziel relata problemas com uma das integrantes do esquema: “Elaine sabe de uma, e da outra, da outra. As três sabem que recebem. E tu disse que tem uma que tá dando problema aí, tem umas que tá dando problema. Camila, esse negócio só foi pra uma só pra essa pessoa aí, vamos ver se tem alguma coisa com ela”.

Mais à frente, o aliado dos Pereira cita o nome da Fundação Sousândrade. “Eu mandei para o Léo lá que é a empresa, é uma receita da empresa. Sousândrade, se eu não me engano é Sousândrade”.

Nas mensagens, Silva orienta a forma de driblar os órgãos fiscalizadores, fazendo uso de múltiplas contas bancárias. “Fica alternando. Não fica botando só na conta, não. Bota na da tua mãe… Fica alternando pra não ficar só, entendeu? É só ir alternando as contas. Não fica botando só numa não. Às vezes, saca o dinheiro e deposita no caixa. E segura. É assim. Não mexe muito em coisa de conta não”.

O suposto desvio de recursos públicos teria sido utilizado abastecer campanhas políticas em 2022 e estaria prestes a se repetir em 2024.

As suspeitas recaem sobre a relação entre a Fundação Sousândrade e a secretaria liderada por Rubens Pereira, cujo aliado Gabriel Tenório é pré-candidato a prefeito de Matões. A futura campanha do atual adjunto de Rubens na Secap seria uma das beneficiárias do esquema neste ano eleitoral.