relações perigosas

Caso da Vale expõe atuação de investigados na Operação 18 Minutos

O processo movido contra a Vale por supostos pescadores maranhenses, revelado nesta semana pela Revista Piauí, expôs conexões relevantes com o escândalo investigado pela Polícia Federal na Operação 18 Minutos. Embora se trate de casos distintos, ambos têm como protagonistas magistrados suspeitos de manipular decisões judiciais em benefício próprio.

A ação contra a Vale foi ajuizada em 2009, sob o argumento de que a construção de um píer na Praia do Boqueirão, em São Luís, teria prejudicado 110 pescadores. A defesa dos trabalhadores pleiteava indenizações e pensões mensais, que chegaram a ser autorizadas judicialmente e permitiram aos advogados o saque de R$ 9 milhões, em 2015.

Decisões cruciais para viabilizar o repasse foram tomadas por magistrados que, anos depois, passaram a ser investigados por envolvimento em outro escândalo — a venda de sentenças no Tribunal de Justiça do Maranhão, alvo da Operação 18 Minutos. Entre eles, o juiz Clésio Coelho Cunha, que autorizou o saque milionário mesmo com uma liminar do STJ suspendendo o pagamento, e o desembargador Antônio Guerreiro Júnior, que livrou os advogados da devolução dos valores e impediu o envio do caso ao Gaeco.

A desembargadora Nelma Sarney, que relatou decisões estratégicas no processo e transferiu o caso para a Vara de Interesses Difusos e Coletivos, também figura entre os principais alvos da operação da PF. Segundo os autos, parte do dinheiro sacado foi repassada a pessoas próximas de magistrados — entre elas, o advogado e atual prefeito de Paço do Lumiar, Frederico de Abreu Silva Campos, que recebeu R$ 1 milhão. Ele é filho de um ex-assessor do então deputado Edilázio Júnior, genro da própria Nelma.

Outro nome que aparece nos dois episódios é o do desembargador Luiz Gonzaga Almeida Filho, responsável por autorizar o pagamento diretamente aos advogados e, posteriormente, integrar o colegiado que barrou qualquer apuração sobre os saques.

Apesar de não integrarem formalmente a mesma investigação, o processo contra a Vale e o esquema revelado pela PF apresentam conexões que reforçam a suspeita de uma atuação ilícita coordenada dentro da estrutura do Judiciário maranhense. No âmbito da Operação 18 Minutos, a Polícia Federal identificou uma organização criminosa que agia de forma sistemática para fraudar decisões judiciais de alto impacto financeiro.

Confira a íntegra da matéria aqui

Comentários estão desativados

Os comentários estão desativados.