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Editorial: O novo Ostentação?

Há pouco mais de um ano, a Polícia Federal e o Ministério Público colocavam em prática uma operação que visava desbaratar um esquema de desvio de verbas, que estava prejudicando a educação de um dos municípios mais sofridos do Brasil, com um dos menores Índices de Desenvolvimento Humano (IDH) do país.

No centro da Operação Éden, um empresário – que seria o mentor do esquema criminoso –, auxiliares administrativos do município e uma jovem prefeita. Ela era quem mais chamava atenção. Bonita, vaidosa, dona de uma agenda particular muito festiva, a gestora se tornou um exemplo de mudança radical no estilo de vida.

As muitas aparições nas redes sociais, sempre com roupas e jóias diferentes, carros de luxo e viagens constantes, lhe renderam a alcunha criada pelo blog de “Prefeita Ostentação”, que acabou adotado pela imprensa do país inteiro. A jovem estava no foco de um furacão que apontava desvios de recursos públicos direcionados à educação – principalmente à merenda escolar – e de outros programas bancados pelo Fundeb e Pnae. A polícia, promotores estaduais e procuradores federais suspeitam que estes recursos sustentavam a vida de glamour da Prefeita Ostentação.

Com certeza, alguém aí já se perguntou porque estou resgatando esta história. Porque há um sério risco de revermos ela no centro do poder maranhense, na capital do Estado, bem aqui em São Luís.

Entre os candidatos que se jogaram ao desejo de comandar a querida São Luís, há quem faça questão de mostrar o quão bem vive. São registros de momentos em praias requisitadas do litoral brasileiro, com amigos famosos (e muito famosos), aeronaves e festas, muitas festas.

Isso talvez não influenciasse tanto na decisão do eleitor, se ele pudesse enxergar segurança no voto. Segurança gerada por propostas convincentes, diretas, com todos os caminhos bem delineados, tendo início, meio e fim. Mas não se sente firmeza alguma nas palavras de quem tenta inventar o que não pode ajudar a população como um todo.

Aliado a isso, o exemplo dado por candidato não condiz com o posto que pretende ocupar. Deixar de arcar com seus compromissos com a cidade, de se manter um cidadão com contas em dia, que honra seus deveres, faz com que, no mínimo, nos perguntemos que tipo de gestor eu quero para a minha cidade. Com certeza, eu não gostaria de ver um devedor gerindo as contas públicas, administrando a cidade com a experiência adquirida à frente do seu negócio próprio.

Enfim, me pergunto: que segurança posso ter em um candidato que promete ações superficiais, que não possuem terreno firme e não comprovam avanços significativos para a população em geral? Que destino pode ter a cidade quando um gestor sem experiência assume o poder? E como ele vai administrar uma conta pública, que pertence a mim, você e todos os outros moradores de São Luís?

Não muito distante, temos um exemplo claro de quem sente as conseqüências de uma gestão sem pé nem cabeça. O povo sofre sem investimentos reais e necessários, por conta do desvio de conduta de quem comanda os serviços a este povo. E isso, com certeza, a população de São Luís não quer. Um Novo Ostentação seria o caminho inverso do progresso.

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