Navio com cerca de 700 imigrantes naufraga no Mar Mediterrâneo

O Globo – Milhares de pessoas podem ter morrido afogadas depois que uma embarcação que carregava de 700 a 800 imigrantes da Líbia naufragou no Mar Mediterrâneo, nas águas do Canal da Sicília, segundo a guarda costeira italiana.
Uma grande operação de resgate foi montada depois do naufrágio, que aconteceu por volta de meia-noite deste domingo, no horário local, em águas do território da Líbia, ao sul da ilha italiana de Lampedusa. Pela manhã, 28 pessoas tinham sido resgatadas e 24 corpos retirados do mar e colocados em um navio militar italiano. As esperanças de encontrar sobreviventes, no entanto, diminui a cada hora.
Desde o início do ano, pelo menos 900 outros migrantes já morreram ao tentar cruzar o Mar Mediterrâneo. Apenas na semana passada, a guarda costeira da Itália resgatou 10 mil imigrantes cujos navios enfrentaram problemas. No ano passado, um recorde de 170 mil pessoas fizeram a perigosa travessia para a Itália para fugir da pobreza e dos conflitos na África e no Oriente Médio.
Navios italianos, a Marinha Maltesa e embarcações comerciais estão envolvidas na enorme operação de salvamento, que ocorre a 210 quilômetros da costa de Lampedusa e a 27 quilômetros da costa da Líbia. Vinte navios e três helicópteros participam da operação.
Segundo a rede BBC, que entrevistou o porta-voz da guarda costeira italiana, a operação ainda está focada em buscar e salvar pessoas que estejam à deriva, mas, em breve, “será apenas uma busca por corpos”.
O primeiro-ministro de Malta, Joseph Muscat, afirmou ao jornal local “Times of Malta” que os salva-vidas estão “literalmente tentando encontrar sobreviventes entre os mortos que flutuam na água”. Quando o número total de mortos for contabilizado, esta poderá ser confirmada como a maior tragédia recente envolvendo imigrantes no Mar Mediterrâneo.
À BBC, Muscat disse que “o que está acontecendo é de proporções épicas”.
“Se a Europa, se a comunidade internacional continuar a fazer vista grossa… Seremos todos julgados da mesma maneira que a História julgou a Europa quando ela ignorou o genocídio deste século e do século passado”.
A porta-voz da agência da ONU para refugiados (Acnur) na Itália, Carlotta Sami, relatou que a guarda costeira italiana recebeu um pedido de socorro durante a madrugada de domingo. Para agilizar o resgate, as autoridades pediram que um navio português que passava perto desviasse de sua rota até o local do acidente. Mas, quando a embarcação portuguesa se aproximou, todos os imigrantes, nervosos, se posicionaram em um mesmo lado do barco para chamar atenção do resgate, o que fez com que ele virasse. O navio português começou o trabalho de retirada das pessoas da água no mesmo momento, enquanto aguardava a chegada da guarda costeira. Os passageiros passaram horas à deriva na água gelada antes da chegada das equipes, e uma tempestade que se aproxima da região ameaça dificultar as operações de resgate.
O porto de Lampedusa foi todo mobilizado para ajudar no resgate, por isso grande parte dele foi esvaziado. A guarda costeira, navios comerciais e barcos de pesca também partiram antes do amanhecer para auxiliar na operação.
Lampedusa é o ponto mais ao sul da Itália, próximo da África. Atualmente, há mil imigrantes no centro de detenção da ilha, que tem apenas 5 mil habitantes. Trezentos refugiados serão levados para a Sicília ainda neste domingo.
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