O salão negro do Congresso Nacional recebeu nesta segunda-feira (8) o ato Democracia Inabalada, em alusão aos episódios antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023. Algumas presenças do evento e a maneira em que foram dispostas no cenário, entretanto, chamaram a atenção.

Único ex-presidente da República presente ao ato, José Sarney ganhou lugar de destaque no palanque, ao lado dos presidentes da República, do Senado, da Câmara e do STF. Relatora da CPMI do 8 de janeiro, a senadora Eliziane Gama (PSD) também esteve no palco principal.

Por falar em ministros do STF, Alexandre de Moraes ganhou cadeira especial, assim como a ex-ministra Rosa Weber, que presidia a Suprema Corte brasileira à época dos acontecimentos.

Em um limbo entre a Esplanada dos Ministérios e o Supremo Tribunal Federal, Flávio Dino foi “relegado” à primeira fileira. Estrategicamente – ou não – o ex-governador ficou à frente do ex-presidente Sarney, assistindo de camarote aos elogios dos presentes ao habilidoso cacique político.

Quem não teve direito ao camarote foi o governador Carlos Brandão (PSB). Mesmo sendo um dos poucos governadores presentes, viu Fátima Bezerra (PT), do Rio Grande do Norte, representar os chefes dos executivos estaduais. Sem espaço nas primeiras fileiras, ficou em uma área intermediária da plateia, sumindo em diversos momentos em meio às palmas e gritos de “sem anistia”.

Nos discursos, o mantra de que a democracia resistiu a mais virulenta afronta desde o Regime Militar e que prosseguirá soberanamente. A conotação política, explicitada no discurso de Lula ao citar Jair Bolsonaro (PL) e seus simpatizantes, afastou políticos ligados à direita, com a ausência quase completa de governadores das regiões sul e sudeste – exceção feita a Renato Casagrande (PSB-ES).

Longe de gerar a comoção popular que o Governo Federal esperava, a data acabou passando incólume às ruas e à rotina da sociedade brasileira, sendo mais uma segunda-feira normal para quem não respira política.