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Sarney seria um dos supostos beneficiários de espionagem da polícia legislativa

BRASÍLIA – O ex-presidente do Senado e da República José Sarney (PMDB) seria um dos supostos beneficiários de uma ação de contraespionagem da polícia legislativa do Senado, segundo as investigações. A Polícia Federal cumpre na manhã desta sexta-feira quatro mandados de prisão temporária contra policiais legislativos do Senado (Pedro Ricardo, diretor da Polícia Legislativa; Geraldo Cesar de Deus Oliveira, Everton Taborda e Antonio Tavares, policiais legislativos). Além disso, a PF realiza busca e apreensão nas dependências da Polícia Legislativa da Casa. A suspeita é de que a estrutura tenha sido usada para fazer contraespionagem contra investigações da Operação Lava-Jato.

Informações de integrantes do comando do Senado são de que o diretor da Polícia Legislativa, Pedro Ricardo de Araújo Carvalho, e seu adjunto foram levados coercitivamente para prestar depoimento. A ação teria sido motivada por denúncia de um servidor da segurança da Casa, devido a processos administrativos para afastamento de função. Ambos estavam em suas residências.

A ação faz parte da Operação Métis, deflagrada na manhã desta sexta-feira para desarticular associação criminosa armada responsável por embaraçar a Operação Lava Jato, entre outras investigações, informou a Polícia Federal. A 10º Vara Federal do Distrito Federal expediu nove mandados judiciais, todos em Brasília, sendo quatro de prisão temporária e cinco de busca e apreensão, um deles nas dependências da Polícia do Senado. A Justiça Federal determinou a suspensão do exercício da função pública dos policiais do Senado envolvidos.

De acordo com a PF, o grupo era liderado pelo diretor da Polícia do Senado, e tinha a finalidade de criar embaraços às ações investigativas da Polícia Federal em face de Senadores e ex-Senadores, utilizando-se de equipamentos de inteligência. “Em um dos eventos, o Diretor da Polícia do Senado ordenou a prática de atos de intimidação à Polícia Federal, no cumprimento de mandado expedido pelo Supremo Tribunal Federal em apartamento funcional de Senador”, afirmou, em nota, a corporção.

Os investigados responderão por associação criminosa armada, corrupção privilegiada e embaraço à investigação de infração penal que envolva organização criminosa. Somadas, as penas podem chegar a 14 anos e seis meses de prisão, além de multa.

O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), ainda não se manifestou sobre o caso. Segundo assessores, ele já viajou para Maceió.

Mais cedo, um funcionário do Senado passou a informação de que havia buscas no gabinete do senador Fernando Collor (PRB). A informação, porém, está errada. A PF afirmou que o político não é alvo da ação.

A decisão de determinar a prisão dos policiais legislativos e o cumprimento de cinco mandados de busca e apreensão foi expedida pela Justiça Federal de Brasília. O Ministério Público também solicitou o afastamento do exercício de função pública dos investigados, mas não há informações ainda se o pedido foi aceito pela Justiça.

SENADO JÁ RECLAMOU DE AÇÃO DA PF

Houve atritos entre a PF e Polícia Legislativa, usada na segurança da Casa, ao longo da Lava-Jato. Em julho do ano passado, o Senado reclamou da ação de policiais federais, que fizeram busca e apreensão em apartamentos funcionais de senadores, entre eles Fernando Collor (PTC-AL).

Na ocasião, a PF deflagrou uma operação para cumprir 53 mandados de busca e apreensão expedidos pelo Supremo Tribunal Federal (STF) contra políticos com foro privilegiado que foram alvos de seis inquéritos instaurados na Corte a partir da Operação Lava-Jato. Na casa da Dinda, residência de Collor em Brasília, foram apreendidos três carros de luxo. Os senadores Fernando Bezerra (PSB-PE) e Ciro Nogueira (PP-PI), o deputado federal Eduardo da Fonte (PP-PE), o ex-deputado João Pizzolatti (PP-SC), além do ex-ministro Mário Negromonte, também foram alvos.

O Globo

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