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Discurso de Roseana Sarney remonta a um passado que o maranhense quer esquecer

De George Marques, Brasília.

“Se eu for eleita vou retomar as grandes obras. Tem alguma obra importante no Maranhão?”. O questionamento foi feito por Roseana Sarney (MDB), que ao deixar o governo em 2014 entregou apenas 29 dos 72 hospitais que prometera, alguns com sérios problemas de infraestrutura. No último domingo, 29, ela teve a candidatura oficializada em São Luís para tentar governar o Maranhão pela quinta vez.

“Um governante só é respeitado quando cumpre o que promete”, disse na convenção a “Princesa da Oligarquia”. Princesa não pelo fato de ter sido criada realmente como uma – a família é dona de conglomerados de empresas no Maranhão e de uma luxuosa Ilha (Curupu) no litoral norte do Estado –  mas pelo sobrenome de sua família que governou o Maranhão por mais de 50 anos sem apresentar mudança reais de melhoria na qualidade de vida do maranhense.

Diferente de outras eleições, nesta o conjunto de alianças em torno de Roseana é bem modesto, somam-se apenas cinco partidos: PSC, PRP, PV, PSD e PMB. Com a perda da máquina estatal e a consequente imagem queimada mediante à opinião pública, o consórcio Sarney-Lobão terá que tirar lei de pedra para tentar retomar as tamancas do poder.

A pobreza do Maranhão tem nome, e sobrenome.

O evento que a consagrou ocorreu com um público aquém do esperado em uma área nobre de São Luís. Mas também pudera: pesquisas vêm indicando forte rejeição ao nome dela e apontam vitória em primeiro turno de Dino.

É sabido que a pobreza no Maranhão é reflexo da falta de investimento, passando pela ausência do saneamento básico (do Estado) ou mesmo de desvio de recursos públicos. O estado é o que é hoje, registre-se, pelos anos de descaso de seus governantes. Exatamente pelo que deixaram de fazer.

Tentando imprimir alguma animação Roseana disse que o sucesso dessa campanha dependerá exclusivamente do “meu povo”. Ela se considera a mãe (ou madrasta) dos maranhenses. De acordo com ela o senador Edison Lobão (MDB), apontando em relatório da Polícia Federal como suspeito de ser beneficiário de propinas desviados na obra da usina hidrelétrica de Belo Monte, é um dos políticos mais trabalhadores do Brasil.

Dados de 2016 divulgados pelo IBGE, na Síntese de Indicadores Sociais: Uma Análise das Condições de Vida da População Brasileira, evidenciaram que o Maranhão possui, entre todos os estados do país, 52,4% de pessoas na condição de extrema pobreza. A referência usada é do Banco Mundial, que considera extrema pobreza o referencial de 5,5 dólares por dia – naquela época correspondia ao valor de R$ 387 por pessoa, de acordo com o IBGE.

Outro problema do Maranhão-pobre é a fome.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2014 o Maranhão e Piauí tiveram menos da metade da população com alimentação assegurada. Das 27 unidades federativas, são as duas únicas abaixo dos 50%.

Já o ranking da segurança alimentar tem como destaques positivos Espírito Santo (89,6%), Santa Catarina (88,9%) e São Paulo (88,4%). Ainda nessa análise o IBGE mensurou que a insegurança alimentar, ou seja onde a preocupação com a fome se faz mais presentes, MA (23%) e PI (19%) continuam na liderança do ranking.  Ou seja, que prosperidade as oligarquias política do Estado entregaram para seu povo? A fome e a peste?

Se os dados sobre a fome são de 2014, e Roseana disse que fez um governo que “o maranhense sente saudade”, como explicar os péssimos índices sociais do Estado? Ou os indicadores do IBGE e Ipea estão errados ou o discurso dito pela ex-governadora apresenta alguma incoerência de dados.

O tamanho da bucha que precisa ser revolvida é a melhora na qualidade de vida da população.

Flávio Dino pegou a bucha para resolver em janeiro de 2015. Assim que assumiu o caixa do governo, naquela época o comunista disse que o rombo deixado pela administração de Roseana fora de R$ 1,1 bilhão em dívidas acumuladas e um saldo ao fim da gestão dela de R$ 24 milhões.

“O que fizeram com nossa cultura, com nossas festas populares? A cultura maranhense voltará a ser como antes? questionou Roseana ao público que a ouvia sem muita empolgação. Desta frase um maranhense relembrou esta semana: “será que ela não recorda que eles tinham uma Casa de Veraneio custeada com dinheiro público para dar festas luxuosas a amigos?!” Isso, bem lembrado!

“Tudo que fiz e o povo aprovou vou fazer de novo”, disse uma candidata de discurso cansado, repetitivo e até sem muitas convicção se conseguirá cumprir ou não o que prometera. Pelos exemplos do passado dá pra se ter uma ideia do resultado. São mais de 50 anos de prova dos nove fora. Pelo que o maranhense sofreu do passado o discurso raso e manipulável fazem parte de um tempo que ele quer esquecer.

Ah, hoje a Casa de Veraneio do governo de Roseana foi transformada por Flávio Dino em Casa de Apoio a crianças com problemas de neurodesenvolvimento.

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