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ANJ repudia ataques a jornalista por divulgar visita da ‘dama do tráfico’ ao Ministério da Justiça

A Associação Nacional de Jornais (ANJ) repudiou, nesta segunda-feira (20), os ataques de aliados de Flávio Dino contra a jornalista Andreza Matais, do jornal O Estado de S.Paulo. Matais é editora de política do jornal e foi alvo de críticas e ameaças de violência após divulgar a visita da esposa do líder do Comando Vermelho no Amazonas, Clemilson dos Santos Farias, conhecido como “Tio Patinhas”, ao Ministério da Justiça e da Segurança Pública.

Em nota, a ANJ classificou os ataques como um “flagrante ataque à liberdade de imprensa”. A associação afirmou que “a jornalista exerceu seu papel constitucional de informar a sociedade sobre um fato de interesse público” e que “os ataques a ela são uma tentativa de silenciar a imprensa e restringir a liberdade de expressão”.

À frente do Estadão, Matais denunciou casos como o “Orçamento Secreto”, “os cavalos de Juscelino Filho” e o episódio de jóias relacionadas ao ex-presidente Jair Bolsonaro, mas passou a ser detratada por políticos, dentre os quais Ricardo Cappelli e Rubens Pereira Júnior, e por sites ligados ao comunismo maranhense, depois de denunciar a presença da “dama do tráfico” no Palácio da Justiça.

O próprio Dino tomou frente da empreitada contra a profissional, contestando abertamente o Estadão em entrevista coletiva, com uma postura bem diferente de outros tempos, quando as pautas do matinal eram favoráveis aos seus interesses políticos, chegando a atribuir, indiretamente, a denúncia à campanha de Bruno Dantas, do Tribunal de Contas da União, ao Supremo Tribunal Federal.

Veja a nota na íntegra:

“A ANJ acompanha com preocupação e manifesta seu repúdio às tentativas de intimidação contra O Estado de S.Paulo e sua editora de Política, Andreza Matais, depois de o jornal ter divulgado o acesso da mulher de um líder do crime organizado no Amazonas a gabinetes do Ministério da Justiça.

O uso de métodos de intimidação contra veículos e jornalistas não se coaduna com valores democráticos e demonstra um flagrante desrespeito à liberdade de imprensa. Também evidencia uma prática característica de regimes autocráticos de, com o apoio de dirigentes políticos, sites e influenciadores governistas, tentar desviar o foco de reportagens incômodas por meio de ataques contra quem as apura e divulga.

A ANJ espera que tais métodos de intimidação, sobretudo contra jornalistas mulheres já empregadas no passado recente, cessem imediatamente, em nome do respeito à liberdade de imprensa e à livre atuação do jornalismo e dos veículos de comunicação.

Brasília, 20 de novembro de 2023.

ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE JORNAIS – ANJ”

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