Brasil: país de extremos

Não há duvidas de que o atual cenário político está altamente polarizado, dividido e extremado, mas e quando essa separação passa do espectro político e alcança a sociedade como um todo? Em um país em que ou se é “bolsominion” ou se é “petralha”, torna-se difícil conviver num meio termo valoroso, sereno e pacífico. E isso se demonstra ainda mais complicado quando observamos intensas discussões e segregações entre pessoas que até 2017 eram grandes amigos ou entre familiares.

Ao observamos os Estados Unidos, por exemplo, onde dois partidos dominam o cenário político, quais sejam Democratas e Republicanos (este, do presidente Trump), não encontraremos um povo tão dividido quanto é aqui. Esse é o cenário que observamos dia após dia e, ele é, por vezes, assustador.

O que se observa a nível nacional é o que ocorria com o chamado “coronelismo” nos municípios do país ou mesmo em alguns Estados, como Bahia (Antônio Carlos Magalhães) e Maranhão (José Sarney), em que não há meio termo. Ou você está de um lado, ou de outro. Ou seja, não é que ainda há um coronelismo institucionalizado no país, como havia há 50, 60 anos atrás, mas há, em contrapartida, uma intensa guerra ideológica entre dois lados radicais.

É uma guerra perigosa, pois não é feita de guerrilhas como acontecia na época da Ditadura Militar, mas é uma guerra travada a base de fake news (em ambos os lados) e ocorrida dentro de casa, no seio familiar e das relações interpessoais. Amizades são desfeitas ou nem acontecem se a outra pessoa é ideologicamente oposta, e isso é algo triste.

Uma série de acontecimentos políticos ocorreram no país e, como um efeito em cascata, geraram a situação delicada em que estamos vivendo hoje. Todos nós temos um lado, uma ideologia. É necessário. Para Platão nós somos seres políticos, mas não podemos deixar que a política nos defina como seres humanos.

Victor Neves, advogado.

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