Caça a desertores compromete governabilidade e liderança de Brandão
A reeleição de Iracema Vale à presidência da Assembleia Legislativa, decidida por critério de idade após o empate histórico de 21 a 21 com Othelino Neto, revelou fissuras profundas na base aliada do governador Carlos Brandão. O resultado, marcado pelo apoio de parte dos deputados ao adversário, provocou uma reação contundente do Palácio dos Leões, que iniciou uma ofensiva contra os “desertores”. A estratégia, contudo, ameaça desintegrar o pouco que resta de coesão no Legislativo.
A experiência política mostra que perseguições internas são um tiro no pé. Em vez de fortalecer a base, ações punitivas costumam intensificar insatisfações entre parlamentares que se sentem ignorados ou desvalorizados. Para Brandão, cuja governabilidade já apresenta sinais de desgaste, insistir na força em detrimento do diálogo pode precipitar uma crise ainda maior.
Com o Palácio Manuel Beckman em ebulição, o clã Brandão enfrenta um dilema: construir pontes ou cavar um fosso ainda mais profundo com sua base. O empate na eleição foi um recado claro: sem articulação política e reciprocidade, a estabilidade do governo torna-se cada vez mais difícil de sustentar.
A política exige habilidade, não perseguição. E Carlos Brandão, conhecido pelo perfil conciliador e com o sonho de eleger-se senador da República em 2026, deveria reconhecer isso – especialmente após o alerta recebido na última quarta-feira.