Comunicadores lançam manifesto contra blogueiros que espetaculizaram suicídio de jovem

A divulgação da notícia e das imagens do suicídio de uma jovem em São Luís por blogueiros locais gerou revolta dentro da classe jornalística e levantou uma discussão sobre até onde vai o limite da informação.

Por princípio e razões óbvias, o blog não vai citar o nome da vitima, filha de uma jornalista. A partir dessa tragédia, a classe de profissionais da informação se juntou e decidiu correr atrás de assinaturas para divulgação do manifesto. O objetivo, além de repudiar a atitude dos blogueiros, é chamar também a atenção da sociedade maranhense para algumas práticas danosas dos profissionais da imprensa. Segundo o grupo, os blogueiros utilizaram um drama familiar para fazer sensacionalismo.

Existe uma convenção profissional extraoficial, uma espécie de acordo entre cavalheiros, que determina: suicídios não serão noticiados pela grande imprensa. Ninguém sabe exatamente quando foi que este acordo foi selado, nem precisamente por que. Alguns dizem que isso pode incentivar pessoas que estejam passando por problemas, ou em depressão, outros entendem que é algo muito particular e danoso as pessoas próximas. Enfim, entre tantas explicações, todos concordam que é uma tragédia além da compreensão humana.

Porém, essa discussão não se limita apenas ao suicídio. Diariamente não apenas blogs, mas também jornais impressos, telejornais e o maior site de notícias do estado costumam publicar cenas de pessoas sendo linchadas, assassinadas e até queimadas. Quando a menina Ana Clara de seis anos morreu queimada dentro de um ônibus, a imprensa em geral do Maranhão divulgou as imagens. Uma cena que não deveria ter sido explorada também, hoje é facilmente encontrada em uma pesquisa no Google. Não apenas suicídio, mas a atuação na imprensa em geral merece uma ampla discussão.

O movimento motivou a convocação de um debate por parte do Sindicato dos Jornalistas, sobre a atuação dos profissionais da área. O presidente Douglas Cunha confirmou o evento, e disse que é preciso esse debate. “Estou orgulhoso com esta mobilização da categoria contra os absurdos que praticamos. Não só blogueiros e ou pessoas que não tem diploma. Todos nós em algum momento, num deslize qualquer, involuntariamente, cometemos alguma coisa assim”.

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