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Estilo centralizador de Dino gera incômodos no Governo

Com cada vez mais protagonismo no Governo Federal, Flávio Dino tem gerado incômodo entre auxiliares do presidente Lula por seu estilo considerado centralizador e pouco colaborativo, sendo acusado por outros ministros de buscar exposição excessiva.

Dino é apontado como um dos membros de primeiro escalão com ambição de suceder a Lula na Presidência da República, fato que preocupa colegas com o mesmo objetivo, que chegam a brincar que ele dá entrevistas demais à imprensa. O chamado “pacote da democracia” elaborado pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública foi outro ponto de desconforto no governo, pois foi entregue diretamente a Lula pelo ministro, sem ter sido discutido previamente com as pastas do Planalto, motivado que deixou o projeto empacado na Casa Civil de Rui Costa (PT).

Os projetos embutidos no pacote incluem a criação de uma guarda responsável por cuidar da segurança dos prédios públicos federais do DF, e o endurecimento de punições para quem atenta contra o Estado democrático de Direito. As últimas medidas anunciadas, no entanto, priorizaram a regulação das redes sociais, dada a tramitação no Congresso Nacional do PL das Fake News. Gerou incômodo na Esplanada o que ministros apontam como tentativa de Dino assumir o protagonismo de pautas de articulação interministerial. Como exemplo, auxiliares palacianos citam que o texto do governo entregue ao deputado Orlando Silva teve o envolvimento de diversas pastas, não só da Justiça.

O incômodo com Dino vai além do Palácio do Planalto e chega a outros ministérios, pois sua indicação da advogada Marilda Silveira para ser sua assessora, que atuou em diversas causas contra Lula na Operação Lava Jato, gerou desconforto em alas do governo.

Outro episódio recente foi quando o ministro da Educação, Camilo Santana, anunciou a liberação de R$ 3 bilhões de recursos do MEC (Ministério da Educação) para estados e municípios, mas Dino acabou tendo ascendência sobre a pauta ao anunciar dados de operações contra perfis que estimulam ataques na internet. Integrantes do próprio MJSP apontam contrariedade com o protagonismo de Dino sobre a pauta, e auxiliares de Lula também apontam que ele acabou roubando protagonismo sobre o pacote de medidas para evitar novos ataques a escolas.

A retomada do projeto Casa da Mulher Brasileira, sob guarda-chuva do Ministério das Mulheres e com salvaguarda do MJSP, foi outro momento em que Dino tentou tomar para si a “paternidade” de um programa governamental de outra alçada.

Enquanto uma parte de auxiliares palacianos defende Dino ao dizer que ele tem trabalhado bastante e atuado em conjunto com os ministérios palacianos, outros reclamam que o titular da Justiça tem dificuldade de aceitar a autoridade de Rui Costa (PT), da Casa Civil, e procura sempre despachar diretamente com Lula.

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