João Alberto (PMDB-MA) foi o único senador da República a mudar de ideia no processo de instauração do impeachment da presidente Dilma Rousseff. E virou motivo de ironia da Folha de São Paulo, jornal de maior circulação do Brasil ironizá-lo.

Lembrando a idade avançada do político, o jornal ridicularizou o contorcionismo verbal do senador para demonstrar a venalidade política de João Alberto. “Veja bem: eu considero que ela é uma mulher séria. Mas o processo é mais político, em função da realidade. Minha decisão foi conjuntural”, disse Carcará ao jornalista Bernardo Mello Franco.

A postura do político conhecido como Carcará é mais um dos infindáveis lances de oportunismo do grupo Sarney. Postura que escancara o método de fazer política de olho nos interesses pessoais e de grupo e não na coletividade. Postura que ajuda a entender, portanto, porque o Maranhão se tornou o estado com os piores indicadores sociais do país.

Sarney, como sempre fez, abandonou o PT e a presidente Dilma Rousseff quando ambos, nos estertores, cobravam reciprocidade no apoio dado ao oligarca, por exemplo, em 2009, quando Sarney escapou de uma cassação no Senado, graças à mobilização do então presidente Lula.

É claro que a mudança de lado na última hora, neste caso, não tem a ver apenas com o apetite interminável por poder. Com suas principais lideranças enroladas até o pescoço na operação Lava Jato, ao apoiar o golpe que possivelmente tomará o mandato de Dilma, o grupo Sarney procura também agarrar-se ao poder do Palácio do Planalto na tentativa de escapar de punições na Operação Lava Jato, cuja cúpula nacional do PMDB trabalha incansavelmente para abafar.

Aos 80 anos, mais da metade dos quais dedicados à servir politicamente o grupo Sarney, o comportamento de João Alberto é mais um episódio desprezível do oportunismo vexatório que marca a permanência da elite oligárquica maranhense nos quintais do Palácio do Planalto.