Navalhada! Contraditório, Zé Reinaldo ensaia aproximação com Sarney

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Cada vez que o deputado Zé Reinaldo é entrevistado, sempre as perguntas que surgem fazem referência a sua relação com José Sarney. Não é novidade para ninguém que ele é cria da oligarquia, mas um desentendimento entre sua ex-mulher e a ex-governadora Roseana Sarney provocaram um racha.

Depois disso o deputado e a família se tornaram inimigos. Zé Reinaldo por muito tem relacionou a sua prisão na Operação Navalha à atuação do ex-presidente.

Desde então Zé Reinaldo se tornou o principal líder da oposição, foi ele quem bancou a eleição de Jackson ao Governo e depois a de Flávio a deputado federal, mas nos últimos com ascensão de Flávio Dino, o deputado viu seu prestigio cair, culminado com a exclusão do seu nome como candidato ao Senado em 2014. Sobrou para ele, como prêmio de consolação, o mandato de deputado federal.

Há quem diga que Sarney e Zé Navalha nunca deixaram de se falar.  Entre críticas, ataques e manobras políticas, ao que parece, a birra de ambos amenizou e uma reconciliação é ensaiada pelo deputado desde o ano passado. O bom filho quer retornar à casa. “Isso ficou para trás e tenho que olhar para a frente e não ficar remoendo o passado”, disse o deputado.

A dúvida fica sobre o real interesse de Zé Reinaldo. Por muitos anos ele acusou Sarney de ser o culpado por tudo de ruim que acontecia ao Maranhão pela influência dos filhos. “O Alexandre Costa dizia para o Sarney que quando os filhos deles começassem a mandar nele ele ia se liquidar na política. Foi exatamente isto que aconteceu”.

Essa contradição surgiu a partir do ano passado, quando propôs um pacto pelo Maranhão em um artigo que gerou muita repercussão.  “Estou propondo é um pacto pelo Maranhão, por esse estado pobre e com grande parte da população vivendo com renda oriunda do Bolsa Família”. Estou propondo uma união de importantes forças políticas em torno de projetos fundamentais para o desenvolvimento do estado e para tirar o estado dessa situação’’.

Uns dias depois, assustado pelas críticas publicou novo artigo no Jornal Pequeno, justificando o tal pacto, e lembrando que foi o principal adversário do ex-presidente no Maranhão. “Quem (para valer!) enfrentou Sarney mais do que eu? Enfrentei-o quando ele estava no auge do poder. Quem apanhou mais do que eu, que até preso fui? ”.

Meses depois, um novo gesto de que ambos pactuavam no mesmo sentido, ao votar a favor do afastamento de Dilma e contra a defesa que o governador Flávio Dino fazia do governo da petista.

Outro episódio foi às críticas à forma como o Governo do Estado tem se articulado politicamente e pela falta de cargos no Governo Federal. “Na parte política o governo tem pecado demais, não tem tido solidariedade com alguns companheiros. Na área federal o Flávio se omitiu no debate dos cargos federais. Os cargos foram todos indicados pelo Sarney. Essa coisa é um problema. Acho que do próprio grupo do Flávio pode sair um futuro adversário político. Você tem uma máquina e tem uma porção de gente insatisfeita. Prefeitos importantes querem conversar com o Flávio e não são recebidos”, declarou.

Agora, Zé Reinaldo em mais uma prova de admiração e aceno político ao seu mestre, resolve dizer que Sarney jamais faria mal ao Maranhão. “Eu tenho impressão de que ele [José Sarney] jamais será contra o Maranhão”.

Na verdade, o próprio deputado não sabe mais nem o que fala, já que alguns anos atrás, na época que estava de “mal com o presidente”, o culpou por todos os problemas em seu governo. “O prejuízo que eles causaram ao Estado foi tão grande que até hoje, e eu não entendo por que o Lula se submete a isto. Até hoje, o presidente Lula não veio aqui. Portanto, essa possibilidade de retorno ao grupo não cogito. Acho que o caminho do Maranhão é desenvolvimento e não acho que seja com eles que vamos desenvolver o Estado”. Disse em entrevista ao Jornal o Imparcial em 2009.

Como na política nada é para sempre e não existe mal que possa ser apagado, Zé Navalha ensaia um retorno as suas origens, sem mágoas ou rancor. “Sarney não tem mais a força que teve, mas ainda tem muito prestígio pessoal e ainda detém grande força política. Isso é inegável”.

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