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Trama para Lobão receber propina envolvia dono do Mateus supermercados e ex-prefeito Luis Fernando Silva

mateus e luis fernando

O delator Luiz Carlos Martins, ligado à empreiteira Camargo Corrêa, afirmou em depoimento que a trama para fazer o repasse de pagamento de propina para o senador Edison Lobão, referentes às obras da Usina de Belo Monte, envolvia o ex-prefeito de São José de Ribamar Luiz Fernando Silva (PSDB) e o empresário Ilson Mateus. O trio cogitou comprar R$ 1 milhão em suco de fruta do Supermercado Mateus para maquiar a suposta propina de Lobão. O executivo prestou novas declarações à Polícia Federal, em Brasília, no fim de março, e reiterou tudo o que disse em sua delação premiada.

Em depoimento, Luiz Carlos Martins revelou que soube da proximidade de Luiz Fernando Silva, então secretário do Governo de Roseana Sarney, com Lobão, e que enviou um funcionário da empreiteira identificado como Gustavo Marques ao Maranhão para se certificar do suposto vínculo entre os dois. Ao retornar, contou o executivo, Gustavo Marques afirmou que o ‘caminho era aquele mesmo, ou seja, via Luiz Fernando Silva’.

Em contato com Luiz Fernando Silva, o executivo informou que os valores deveriam ser encaminhados também a um empresário de nome Ilson Mateus. “Como se tratava de um empresário atuante no ramo de supermercados, houve dificuldade da parte do declarante quanto à forma de contratação de alguma empresa desse setor pela Camargo Corrêa, de modo que os valores pudessem ser remetidos ao Maranhão”, relatou Luiz Carlos Martins.

O objetivo era a empreiteira declarar a compra de R$ 1 milhão em suco de fruta do Supermercado Mateus e fazer o repasse a Lobão e para o poderoso empresário. “Enquanto discutia essa dificuldade com Gustavo Marques, em momento de descontração, surgiu à ideia de aquisição de R$ 1 milhão em suco de fruta, o que ilustra a dificuldade que havia em operacionalizar o envio do dinheiro”.

Diante da dificuldade, Luiz Carlos Martins contou que passou a procurar uma empresa com atividade compatível com a Camargo Corrêa, que pudesse fazer a intermediação dos valores. Nisso surgiu à empresa AP Energy, na qual o empresário Fernando Brito é sócio e que fez os repasses para o senador Edson Lobão. De acordo com o executivo, a propina foi paga em 2011, para que o então ministro de Minas e Energia não impusesse obstáculos ao andamento da obra de construção da usina hidrelétrica de Belo Monte, no Pará.

O criminalista Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, que defende Edison Lobão, afirmou que o senador e ex-ministro ‘desconhece essa empresa’.

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