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Advogados devem reagir a agressões de José Sarney

As declarações do ex-presidente José Sarney desqualificando o trabalho, a postura e a atuação dos advogados provocou revolta na categoria. Nos próximos dias, entidades ligadas a comunidade jurídica devem manifestar todo o descontentamento da classe e repudiar o peemedebista.

Em um diálogo gravado pelo ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, e entregue à Procuradoria-Geral da República (PGR), o ex-presidente José Sarney (PMDB) diz a Machado que poderia ajudá-lo a evitar que as investigações contra ele na Operação Lava Jato fossem remetidas à 13ª Vara Federal de Curitiba, onde despacha o juiz federal Sergio Moro.

Diante de relatos de Machado de que havia “insinuações”, provavelmente do Ministério Público Federal, por uma delação premiada, José Sarney se mostrou preocupado com a possibilidade e disse a ele que “nós temos é que conseguir isso [o pleito de Machado]. Sem meter advogado no meio”.

O ex-presidente ressaltou que “advogado não pode participar disso”, “de jeito nenhum”, porque “advogado é perigoso”. “Nós temos é que fazer o nosso negócio e ver como é que está o teu advogado, até onde eles falando com ele em delação premiada”, indicou Sarney, segundo a Folha de São Paulo.

A intenção de Sarney era simples: evitar que o assunto ganhasse repercussão. O oligarca demonstra desconfiança na relação de confidencialidade entre cliente e advogado uma das principais regras éticas da categoria. Além disso, queria resolver a situação através do jogo político e das relações de interesse. Por ter se acostumado a viver por décadas no poder, Sarney utilizava advogados apenas por mera formalidade.

O presidente de honra do PMDB é habituado a pular tribunais e resolver seus problemas direto em órgãos superiores em que os ministros são escolhidos por indicação. Um exemplo foi a velocidade da cassação do ex-governador Jackson Lago. O processo não passou pela votação no Tribunal Regional Eleitoral, indo direto para o Tribunal Superior Eleitoral. Advogados, no caso, foram meros atores como o próprio Sarney bem trata a categoria.

Prova desse “conceito” de Sarney é a sua referência como advogado. Toda a família do oligarca é representada por Antônio Carlos de Almeida Castro, o famoso Kakay, conhecido nacionalmente por ter na sua agenda de clientes políticos e empresários famosos envolvidos em escândalos de corrupção no país. Só para se ter uma ideia, ele defende 11 envolvidos na operação Lava Jato.

Kakay é defensor do senador Romero Jucá. Nesta quinta-feira, ele entrou com uma petição no Ministério Público Federal para saber se as gravações feitas por Sergio Machado, ex-presidente da Transpetro, com seu cliente tiveram autorização judicial. “Caso contrário, não podem ser usadas como prova”, avisou Kakay, que é visto como um advogado sem escrúpulos que utiliza de chantagem para salvar a pele dos seus clientes.

Uma visão parecida a de Sarney…

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