Entenda a investigação da Polícia Federal contra Nelma Sarney, Edilázio Júnior e Fred Campos
A Polícia Federal deflagrou, nesta quarta-feira, uma operação para investigar possíveis crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa supostamente praticados por desembargadores, juízes, servidores e advogados. O inquérito tem como base sindicâncias e relatórios financeiros do COAF, que apontaram transações suspeitas e movimentações atípicas de alvarás em processos judiciais contra o Banco do Nordeste.
A investigação começou após uma denúncia feita pela instituição financeira, fundamentada em uma ação judicial movida por um advogado que cobrava honorários indevidos do banco. O pedido de R$ 14 milhões foi acatado pela Justiça do Maranhão, e o montante teria sido distribuído entre integrantes da organização criminosa.
O ministro João Otávio de Noronha, do Superior Tribunal de Justiça, determinou, no último dia 7, a quebra de sigilo dos investigados, além da realização de buscas e apreensões, afastamento de cargos públicos e monitoramento eletrônico, por meio de tornozeleiras, de todos os envolvidos. Entre os investigados estão o ex-deputado Edilázio Júnior, presidente estadual do PSD; a desembargadora afastada Nelma Sarney; e o candidato a prefeito de Paço do Lumiar, Fred Campos, proprietário da bilionária Qualitech e da promissora rede Júlia Campos de postos de gasolina.
A quadrilha seria dividida em três núcleos: o judicial, formado por desembargadores, juízes e servidores da Justiça do Estado; o causídico, composto por advogados que aliciavam magistrados para garantir decisões favoráveis contra o Banco do Nordeste; e o operacional, responsável por repassar o dinheiro obtido ilegalmente aos demais membros do esquema.
Segundo as investigações, o esquema teria começado em 2015, quando Nelma Sarney, então corregedora do Tribunal de Justiça do Maranhão, assinou portarias substituindo o magistrado responsável pelo processo. “Todos os elementos aqui descritos, em conjunto, apontam para a existência de indícios mínimos de participação de cada um dos magistrados, servidores e advogados no esquema criminoso, à medida que se evidenciam a prática de atos suspeitos, como designações aparentemente injustificadas de magistrados para atuar no processo, direcionamento de incidentes processuais para determinados juízes, celeridade incomum no julgamento e a determinação de levantamento de alvarás em desacordo com os cálculos da contadoria e com a própria decisão judicial”, afirma a decisão judicial. E continua: “As movimentações financeiras realizadas pelos investigados demonstram a participação desses e de outros agentes em ações destinadas a agilizar o recebimento e a ocultação dos valores recebidos”. Durante o período em questão, Nelma Sarney teria recebido 43 depósitos em espécie, totalizando R$ 444 mil.
Ainda de acordo com a investigação, Fernando Antônio Ramos Sousa teria recebido um crédito de R$ 14 milhões, dividindo-o com Janaina Moreira Lobão Coelho e Fabrício Antônio Ramos Sousa, que, posteriormente, repassaram o valor a diversas pessoas, com o apoio de funcionários do Banco do Brasil. O escritório Maranhão Associados, de José Hélio Sekeff do Lago, também é citado nas investigações, sendo Edilázio apontado como “sócio oculto” da empresa.
Flávio Henrique Silva Campos, outro assessor de Edilázio na Assembleia, teria recebido R$ 1,5 milhão em 7 de outubro de 2015, transferindo os recursos para José Hélio Sekeff do Lago (R$ 50 mil), Frederico de Abreu Silva Campos (R$ 180 mil), Gustavo Araújo Vilas Boas (R$ 10 mil), Alderico Jefferson Abreu da Silva Campos (R$ 150 mil), Fabrício Antônio Ramos Sousa (R$ 150 mil) e Eduardo Rodrygo Duarte Silva (R$ 400 mil). A relação entre eles é descrita no inquérito policial.
O Marrapá continuará acompanhando o caso…
Comentários estão desativados