Novas gravações reveladas pelo ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, mostram que ele ajudou de alguma forma o ex-presidente José Sarney (PMDB-AP).

Em uma conversa entre os dois, Machado tenta utilizar da influência de Sarney com o então vice-presidente Michel Temer para evitar que o processo dele caia nas mãos de Sérgio Moro.

MACHADO: Você acha que a gente consegue emplacar o Michel sem uma articulação do jeito que esta…

SARNEY: Não. Sem articulação, não. Vou ver o que acontecendo, vou no Michel hoje.

Para forçar um apoio, Machado faz uma espécie de chantagem com os caciques do PMDB, ao lembrar que ajudou Gabriel Chalita, que concorreu pelo PMDB à prefeitura de São Paulo em 2012.

Sarney que não é bobo, percebeu o recado de que “uma mão lava a outra” e se sentiu intimidado. Tanto é que em seguida pergunta se mais pessoas sabem da ajuda que recebeu do velho amigo, mostrando claramente que estava com medo que Machado pudesse fazer o mesmo com ele, ou pior, poderia entrega-ló como de fato aconteceu.

SARNEY: Mas alguém sabe que você me ajudou?

MACHADO: Não, sabe não. Ninguém sabe, presidente.

Só o país inteiro.

Sarney é uma velha raposa, sabia nesse momento que Machado estava “tremendo” com a possibilidade de ser preso, sentiu a fraqueza no antigo companheiro e por isso tentou de todas as formas tranquilizar o companheiro utilizando sua influência. O erro de Sarney foi esquecer um princípio básico do jogo, político sem mandato é político morto.

Sarney fala então do ex-ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Cesar Asfor Rocha como uma pessoa ligada ao relator da Lava Jato no Supremo, Teori Zavascki. O velho oligarca joga com Machado ao dizer que Asfor Rocha “fez muito favor” a Teori.

SARNEY: O Renan, eu mesmo falo com ele, mas eu prefiro falar assim com o César Rocha. Prefiro falar com o César.

MACHADO: Ninguém sabe que eu lhe ajudei.

SARNEY: Porque o César Rocha, o César, o César Rocha que é o nosso cúmplice junto com o…

MACHADO: Com o Teori?

SARNEY: Com o Teori. Ele é muito, muito, mas muito amicíssimo lá do tribunal. O César fez muito favor pra ele.

MACHADO: O Teori era do tribunal do César?

SARNEY: Era.  O Teori era do tribunal do César.

MACHADO: Sabia não.

Nos trechos que seguem não é possível dizer que tipo de ajuda, mas deve ter sido algo bem cabeludo pela forma como Sarney se borrou todinho. “Se quem não deve não teme”, quem tem o rabo preso se treme.

As revelações ainda mostram um encontro de Machado e Sarney na casa do ex-presidente. Ao comentar as operações da Lava Jato que derrubaram muitos líderes do PT e do PMDB, Sarney mostra todo o seu desprezo pela presidente afastada Dilma Rousseff ao se referir ao seu governo: “É todo mundo, todo mundo acovardado”.