Mesmo envolto a uma série de escândalos em Brasília, de forma reservada, o ex-presidente José Sarney já planeja as eleições majoritárias para 2018. Diante dos últimos acontecimentos que atingiram diretamente sua família, ele trabalha com o nome de Sarney Filho para concorrer ao Governo do Estado, ao invés de Roseana. Além de possuir um bom relacionamento com toda classe política, ele é o único que ainda está com a ficha limpa.

A escolha de Zequinha para o Ministério do Meio Ambiente faz parte desse planejamento. O deputado federal eleito tem conversado com amigos próximos sobre os seus planos e a princípio encontra pouquíssimas resistências. Sarney Filho, dentro da linha sucessória da família, seria o candidato natural ao governo em 2006, mas foi impedido pelo desejo de Roseana de disputar as eleições e acabou tendo a preferência do pai. Zequinha, como sempre, preferiu não criar qualquer tipo de atrito, mas a verdade é que Roseana sempre foi uma pedra no seu sapato.

Pesa a favor dele o seu bom trânsito entre todos os setores da política nacional e estadual, inclusive com alas mais radicais a onde possui até amizades. Sarney Filho herdou a cordialidade típica do pai, o que facilita e muito sua relação com a imprensa, por exemplo, a própria mídia nacional tem projetado seu nome desde que assumiu o Ministério do Meio Ambiente.

O egoísmo, a arrogância e principalmente as denúncias contra Roseana, praticamente eliminaram a possibilidade de ela disputar o Palácio dos Leões. Por esses motivos também perdeu a queda de braço para o irmão na hora de entrar na equipe de Michel Temer. O próprio presidente interino assume que Sarney Filho foi uma escolha pessoal. Em linhas gerais, ninguém mais aguenta Roseana, apenas Sarney e dona Marly ainda aturam os caprichos da “princesa” da Odebrecht. A ex-governadora por hora pleiteia uma vaga para disputar o Senado, caso a justiça permita.

Quando o PV pediu que todos os filiados deixassem o governo do PMDB, com ameaça de expulsão, Zequinha de forma habilidosa soube contornar as arestas e se manteve na legenda e no Governo Federal. Um dos argumentos utilizados foi a possibilidade de o Partido Verde ter um governador no Maranhão.

Sarney avalia também que o filho mais velho merece um voto de confiança e foi coerente dentro da sua história política. Filiado ao PV, sempre defendeu a bandeira da sustentabilidade. O novo ministro é visto com otimismo por ambientalistas. Entre tantos ministros que não eram especializados em suas pastas, Sarney Filho tem histórico de defesa do meio ambiente. Enquanto deputado, ele era líder da Frente Parlamentar Ambientalista e também participava das Frentes em Defesa dos Povos Indígenas e do Desenvolvimento Sustentável. Além disso, ele comandou o MMA entre 1999 e 2002, no governo de Fernando Henrique Cardoso, e incentivou programas como o Projeto Tamar.

Para completar, Adriano Sarney, filho de Zequinha, tem sido uma cópia fiel do pai na Assembleia Legislativa. Bem relacionado e participativo evita criar confusão mesmo quando é provocado, bem diferente, por exemplo, de Andrea Murad.

A decepção do PMDB com o despreparo do Lobão Filho faz o partido pensar sim em renovação, mas com alguém que possua bagagem e conteúdo suficiente para entrar em um debate com o governador Flávio Dino. Obviamente que peemedebistas não criariam embaraços com um pedido de Sarney para levar a legenda ao PV.

Sem amarras, com ficha limpa e bagagem na manga, provavelmente chegou à vez de Zequinha dentro do Grupo Sarney. O que certamente para o governo Flávio Dino seria o adversário mais duro de enfrentar em uma eleição.

As pretensões dele estão acima do Senado Federal. Sarney Filho quer e tem o apoio do velho Sarney para ser o candidato ao Governo do Estado em 2018. Doa a quem doer.