Visando manter a postura combativa que decidiu ter contra Sérgio Moro, Lula atacou com uma suspeita grave de crime o Ministério Público, a Polícia Federal, uma juíza, um ministro de seu próprio governo, além do senador paranaense.

Durante a visita que fez ao Complexo Naval de Itaguaí (RJ) nesta quinta-feira (23), o presidente foi provocado pela imprensa e lançou a suspeição: “Eu não vou falar, porque acho que é mais uma armação do Moro, mas eu quero ser cauteloso. Eu vou descobrir o que aconteceu. É visível que é uma armação do Moro, mas eu vou pesquisar e vou saber o porquê da sentença. Até fiquei sabendo que a juíza (Gabriela Hardt, que assinou os pedidos de prisão e de busca e apreensão levados a cabo pela PF) não estava nem em atividade quando deu o parecer para ele, mas isso a gente vai esperar. Eu não vou ficar atacando ninguém sem ter provas. Eu acho que é mais uma armação e, se for mais uma armação, ele vai ficar mais desmascarado ainda. Aí eu não sei o que ele vai fazer da vida, se ele continuar mentindo do jeito que está mentindo”, disse Lula.

Juíza da 13ª Vara Federal de Curitiba, Gabriela Hardt foi responsável por uma das condenações de Lula no âmbito da Lava Jato, depois que a magistrada substituiu Moro à frente dos trabalhos.

A atitude do petista vai de encontro, ainda, ao ministro Flávio Dino, titular da Justiça e Segurança Pública. Desde a operação coordenada da PF e do MP de São Paulo, Dino se desdobra entre defender o chefe de outra fala atabalhoada (“Só vai ficar bem quando eu f… com esse Moro”) e garantir a isenção da Polícia Federal por ele comandada – as investigações que culminaram na operação começaram ainda na gestão de Jair Bolsonaro.

Em um verdadeiro ataque à democracia, Lula parece se inspirar no antecessor no que ele mais era criticado, não poupando nem mesmo “os seus” de sua obsessão pelo ex-juiz que lhe colocou atrás das grades.