Atuação criminosa de Sarney na BR-135 e no DNIT
O lamentável assassinato da bailarina Ana Duarte (51), na madrugada de sábado (26), chocou não só a classe artística, mas toda a sociedade maranhense pela morte de um nome da nossa cultura, mas também pela forma como ocorreu, quando Ana diminuiu a velocidade para desviar de buracos na BR-135. Situação esta que deveria ter sido resolvida em 2014, prazo que o Departamento Nacional de Infraestrutura e Transporte (DNIT) estabeleceu para conclusão da primeira parte da obra de duplicação da BR-135, mas que até agora não terminou e ainda não tem prazo de conclusão.
Se já não bastasse a falta de recurso que atrasa as obras e as chuvas, desde dezembro do ano passado o órgão federal tem sido usado como manobra política, pior, de maneira criminosa pelo grupo Sarney. O que coloca em risco a conclusão da duplicação e consequentemente a vida de outros motoristas que se arriscam diariamente nas estradas federais que cortam o Maranhão.
Até dezembro do ano passado o órgão era comandado pelo engenheiro de trânsito e funcionário de carreira, Gerardo Fernandes, que foi exonerado do cargo para entrar em seu lugar, Mauricio Itapary, geógrafo, que fez carreira no Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico (Iphan).
Maurício Itapary é filho do imortal, Joaquim Itapary, um dos melhores amigos de José Sarney. Em maio do ano passado a nora de Joaquim foi exonerada da EMAP e como resposta o jornalista lamentou ter votado no governador Flávio Dino. Depois de muitos pedidos, Sarney e Joaquim voltaram a se aproximar e como prova de amizade Maurício assumiu o DNIT, pelas mãos do ex-presidente e do deputado Hildo Rocha, ambos do PMDB.
A nomeação de Maurício, além de ser imoral é criminosa em dois sentidos. Primeiro, porque o novo Superintendente Regional do DNIT não tem qualquer experiência para gerir o órgão de trânsito, seria como colocar um arquiteto para dirigir o Socorrão. Segundo, porque a norma nº 187, que estabelece as diretrizes e condições para as nomeações de cargos de comissão do DNIT, diz em seu artigo 1º “que torna privativa para os servidores das carreiras do DNIT e para servidores investidos em cargos do Plano Especial de Cargos do DNIT a nomeação para os cargos de Coordenadores-Gerais e Superintendentes Regionais”, a não ser que seja caracterizada excepcionalidade, como explica o artigo 3. Levando em conta que Mauricio é geógrafo, portanto, ele ocupa o cargo de maneira ilegal.
Essa preocupação com a nova gestão foi explicita pelos próprios servidores de carreira, que em uma nota de repúdio destacaram que Mauricio, “é uma pessoa alheia à engenharia rodoviária”, e lamentaram a exoneração de Gerardo.
Outro ponto citado pelos servidores é as dificuldades financeiras do Governo Federal, devido a essa situação, seria necessária experiência para administrar obras que estão atrasadas no Estado como a própria duplicação da BR-135, a pavimentação da rodovia BR-226/MA (entre o povoado Baú e Timom) e outros 23 contratos ativos de conservação e restauração.
Mas para o ex-presidente José Sarney, contrariando os próprios servidores, o melhor quadro para administrar o DNIT é o filho do seu amigo.
O novo superintendente ainda não estabeleceu um prazo de conclusão das obras, e por enquanto, temos que conviver com casos como o da bailarina Ana Duarte.
Mais uma vez, cargos de tanta importância, são transformados em favores políticos, apadrinhamento e ilegalidade com a marca Sarney estampada na marca d’água.
Comentários estão desativados