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O telhado de vidro de Andrea Murad

A deputada Andrea Murad (PMDB) perdeu na manhã desta terça-feira (17), em sessão na Assembleia, uma grande oportunidade de se poupar de um desgaste e o próprio pai, Ricardo Murad, acusado pela Justiça de chefiar uma quadrilha que desviou mais de R$ 150 milhões da saúde no Maranhão.

Hoje, em discurso na tribuna, ela criticou o pedido que o governador fez ao aos pré-candidatos do PCdoB para que não recorram à agiotagem ao financiar a campanha eleitoral. Flávio lembrou que o perigo é de os gestores ficarem nas mãos destes agiotas e depois perderem a governabilidade.

De fato Andrea Murad não precisou recorrer a agiotas para financiar sua campanha, já que Ricardo Murad, quando secretário de Saúde, chefiou um esquema de desvio de recursos do Programa Saúde é Vida e da construção de 64 unidades hospitalares em municípios do interior do Maranhão, que consumiram entre 2009 e 2010 cerca de R$ 151 milhões.

O ex-secretário é acusado pelos crimes de dispensa de licitação, fraude de licitação, peculato, falsidade ideológica e associação criminosa. As fraudes foram cometidas, segundo a justiça, “com a finalidade de enriquecimento às custas de verbas da saúde pública, bem como financiamento de campanhas eleitorais, quais sejam as campanhas da ex-governadora e do ex-secretário”.

Contra Ricardo Murad, o juiz Fernando Luiz Mendes Cruz, da 7ª Vara Criminal de São Luís, justificou que como secretário de Saúde, era responsável por ordenar as despesas e por pactuar com a contratação das empresas responsáveis pelas obras dos 64 hospitais. Desse montante roubado surgiram os recursos da campanha de Andrea Murad.

Para refrescar a memória da deputada, vale lembrar que o seu pai é investigado na Operação Sermão aos Peixes da Polícia Federal que encontrou indícios de desvios de recursos públicos federais do Fundo Nacional de Saúde (FNS). De acordo com a PF, o ex-secretário utilizou modelo de gestão terceirizado para fugir dos controles da lei de licitação e assim desviou milhões da saúde pública. Por conta disso, Ricardo Murad está impedido de sair de São Luís pela justiça e teve o seu passaporte apreendido. Em dezembro do ano passado, ele chegou à Superintendência da Polícia Federal do Maranhão de carona em um camburão cercado de policiais fortemente armados, para um interrogatório de quase 13 horas e ainda teve computadores e obras de arte apreendidos em sua casa.

Em maio de 2015, a deputada estadual Andrea Murad admitiu publicamente que utilizou, durante na campanha eleitoral de 2014, uma aeronave não declarada em seus gastos à Justiça Eleitoral. A suspeita é que a Secretaria de Saúde, comandada por Ricardo, bancou viagens de helicóptero para ela durante sua campanha e que houve caixa 2 em sua prestação de contas.

De acordo com dados do Tribunal Superior Eleitoral, a deputada foi a campeã de gastos entre os 42 parlamentares eleitos em 2014. Ela declarou à Justiça Eleitoral despesas na ordem de R$ 1.800.532,33. Em segundo lugar ficou Adriano Sarney (PV), com gastos de R$ 1.193.747,68 declarados. Para nível de comparação, o candidato eleito que menos gastou foi Cabo Campos (PP), que desembolsou o total de R$ 67.754,60. Em segundo lugar entre os mais econômicos está o Prof. Marco Aurélio (PCdoB), que gastou R$ 83.227,42 durante toda a campanha. Já Flávio Dino gastou cerca de R$ 10 milhões em uma campanha para governador, enquanto Lobão o candidato derrotado gastou mais de R$ 50 milhões.

É importante salientar ainda que o grupo Sarney, do qual faz parte Andrea Murad, sempre utilizou a máquina do Governo para se eleger, como bem provou a justiça no processo do Programa Saúde é Vida. Agora a deputada sem qualquer tipo de informação, prova ou documento acusa o governador de agiotagem. Difícil de acreditar em uma pessoa com um currículo tão danoso e com o pai chefe de uma máfia e quadrilheiro, como citou a justiça.

O blog foi o primeiro a noticiar o pedido de Flávio Dino para que os pré-candidatos não utilizem agiotas para o financiamento de campanha. Flávio lembrou que se hoje o Governo trabalha com liberdade é porque não tem qualquer tipo de dívida política e confiou na militância para se eleger.

Algo que Andrea não deve saber, já que em sua primeira campanha eleitoral ela só andou de helicóptero e teve um mandato, basicamente, comprado pelo pai.

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