Prefeitura de São Luís decreta luto oficial de três dias pela morte de Ferreira Gullar

A Prefeitura de São Luís decretou luto oficial de três dias pelo falecimento do poeta maranhense Ferreira Gullar, 86 anos, que morreu neste domingo (4), no Rio de Janeiro.

Ferreira Gullar era poeta, escritor e teatrólogo e um dos maiores expoentes da literatura brasileira. Era membro da Academia Brasileira de Letras, eleito em 2014. Nascido em São Luís em 1930, o poeta escreveu, entre outros livros, “Poema Sujo” (1976), inspirado em sua cidade natal. A obra foi traduzida para diversas línguas.

O prefeito Edivaldo se solidariza com a família, amigos e admiradores, desejando que Deus conforte os corações, neste momento de dor, transformando-a em fé e esperança.

Morre Ferreira Gullar aos 86 anos no Rio de Janeiro

O poeta maranhense Ferreira Gullar morreu neste domingo, 4, por volta das 11 horas, aos 86 anos, na cidade do Rio de Janeiro. A informação foi dada pelo colunista Ancelmo Gois.

Gullar estava internado no Hospital Copa D´Or, na Zona Sul do Rio, com quadro de pneumotórax. No hospital desenvolveu pneumonia.

casa-de-ferreira-gullarCasa onde morou Ferreira Gullar em São Luís

Nascido em 10 de setembro de 1930, em São Luís do Maranhão, José Ribamar Ferreira era o quarto filho de Newton Ferreira e dona Zizi. Depois dele vieram mais sete filhos. Viveu sua infância em São Luís. “A primeira escola foi o Jardim Decroli, que ficava ao lado da Igreja dos Remédios. Não me lembro bem. Lembro vagamente como se fosse um dia só. Evidentemente não foi. Só me lembro desse dia: crianças, eu no meio, minha mãe”, lembrou o poeta a Beth Braid, em uma breve biografia.

Estudou ainda no Atheneu Teixeira Mendes, conquistando o segundo lugar no exame de admissão. Mas, as dificuldades financeiras do pai, ocasionaram atraso de pagamento de mensalidades. Foi então transferido para a Escola Técnica de São Luís, gratuita.

No início da década de 1950, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde, em 1956, participou da exposição concretista que é considerada o marco oficial do início da poesia concreta. Três anos depois criou, com Lígia Clark e Hélio Oiticica, o neoconcretismo, que valoriza a expressão e a subjetividade em oposição ao concretismo ortodoxo.
Militante do Partido Comunista, exilou-se na década de 1970, durante a ditadura militar, e viveu na União Soviética, na Argentina e Chile. Retornou ao país em 1977 e foi preso por agentes do Departamento de Polícia Política e Social no dia seguinte ao desembarque, no Rio. Foi libertado depois de 72 horas de interrogatório graças à intervenção de amigos junto a autoridades do regime. Depois disso, retornou aos poucos às atividades de critico, escritor e jornalista.

Eleito em 2014 para a Academia Brasileira de Letras, colecionava uma vasta lista de prêmios. Em 2002, foi indicado por nove professores dos Estados Unidos, do Brasil e de Portugal para o Prêmio Nobel de Literatura. Em 2007, seu livro “Resmungos” ganhou o Prêmio Jabuti de melhor livro de ficção do ano. A obra, editada pela Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, reúne crônicas de Gullar publicadas no jornal Folha de S. Paulo ao longo de 2005.

Em 2010, foi agraciado com o Prêmio Camões, o mais importante prêmio literário da Comunidade de Países de Língua Portuguesa. No mesmo ano, foi contemplado com o título de Doutor Honoris Causa na Faculdade de Letras da UFRJ. Um ano depois ganhou o Prêmio Jabuti com o livro de poesia “Em alguma parte alguma”.

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Poeta, ensaísta, crítico de arte, dramaturgo, biógrafo, tradutor, Gullar ocupou uma boa parcela da cena cultura brasileira. Sua obra mais importante é o “Poema Sujo”, lançada pela editora Civilização Brasileira, em 1976. Fopi trazida para o Brasil por Vinícius de Moraes, que esteve com Gullar no exílio.

Na quarta-feira, 30 de novembro, o fotógrafo maranhense Márcio Vasconcelos lançou “Visões de um Poema Sujo”, dedicado à obra de Gullar que generosamente autorizou a livre interpretação de seus versos em fotos.

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