Federação

França diz que PSB deve apoiar Lula mesmo sem federação

Após encontro de duas horas com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na tarde de ontem, o ex-governador e pré-candidato ao governo de São Paulo pelo PSB, Márcio França, disse que a demora para resolver o impasse entre PT e PSB em São Paulo não deve afetar a filiação de Geraldo Alckmin ao PSB para ser vice na chapa de Lula, mas ponderou que há empecilhos para viabilizar uma federação no plano nacional entre PSB e PT. O PSB tem dificuldades para montar chapas proporcionais em pelo menos 15 Estados, mas não corre risco em relação à cláusula de barreira.

Antes de Lula e França se encontrarem, o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad almoçou com o presidente do PV, José Luiz Penna. O dirigente partidário relatou que o ex-prefeito disse não acreditar mais na possibilidade de o PSB compor uma federação com o PT. O Valor tentou entrar em contato com o petista, mas não obteve sucesso. “Ele [Haddad] estava completamente certo de que não havia mais possibilidade de federar com o PSB. Eu tentei desfazer isso”, disse Penna.

Na saída da reunião com Lula, Márcio França reforçou que PT e PSB seguem uma tendência já consolidada de caminharem juntos no Brasil. “A tendência de Alckmin é caminhar com quem ele tem mais relação. Eu fui vice, sou amigo dele e acho difícil ele fazer qualquer movimento que não seja o PSB”, afirmou. “O principal é que todos estejamos juntos desde já nessa formatação. Alckmin, nós, eles, todos inclusive [Gilberto] Kassab [do PSD}, outros, quem puder vir”, disse. “Se isso tiver bem pontuado, é suficiente.”

Para França será difícil a união entre PT, PSB, PCdoB e PV numa federação partidária.

“A federação é toda nova, criou série de problemas que não têm tem nada a ver com eleição de governador. Mas é que empacotou tudo numa coisa só. A federação tem outros problemas que são mais difíceis de resolver do que a eleição de governador”, disse.

França citou como exemplo o caso da Paraíba, com a futura filiação do governador João Azevêdo ao PSB, que criou um novo embate com o PT. Azevêdo deixou o Cidadania após a sigla aprovar federação com o PSDB, que faz oposição ferrenha ao seu governo. O PT lançou a pré-candidatura do ex-governador Ricardo Coutinho ao Senado na chapa encabeçada pelo senador Veneziano Vital do Rêgo (MDB).

Além dos impasses eleitorais nos Estados, a formação do novo instrumento eleitoral tem esbarrado na discussão sobre a composição da chamada assembleia, que substituiria os diretórios nacionais das legendas.

O PSB sugeriu regras para diminuir o protagonismo do PT. Os pontos de maior discórdia são aqueles que alteram o chamado quórum qualificado e o direito de veto a propostas que tenham contra si ao menos 15% dos votos da assembleia.

Na próxima semana, deve ocorrer uma nova rodada de negociação entre os partidos que pretendem se federar.

França voltou a defender um acordo com o PT para o lançamento de uma candidatura única no Estado. Ele disse não se opor a sair da disputa e apoiar Haddad mas afirmou que essa decisão só será tomada em maio, depois da realização de uma pesquisa de intenção de votos para governador no Estado.

Ele ressaltou que o ex-presidente “deu a entender” que PT e PSB poderiam ter candidatos, mas afirmou que ele se opõe a isso por conta das divergências e ataques que poderiam acontecer entre as duas siglas durante a dinâmica da campanha. “O formato em que esteja todo mundo junto [em São Paulo] é importante para o quadro nacional”, disse.

Valor Econômico

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