escândalo bilionário

Empresa investigada por fraude em iluminação pública quer expandir negócios em São Luís

A empresa FM Rodrigues protagonizou um dos casos mais escandalosos de fraude em licitação dos últimos tempos ao utilizar vantagens ilícitas para assumir a PPP (parceria público-privada) de iluminação pública da cidade de São Paulo em 2018. O contrato para a prestação dos serviços renderia à empresa a quantia de 6,9 bilhões de reais até o seu término.

No entanto, o esquema começou a ruir quando a Folha de São Paulo e veículos de rádio, como a CBN, e emissoras de TV, como a Record, denunciaram a empresa e a então diretora do Departamento de Iluminação Pública (Ilume) do município, Denise Abreu. Após a fraude licitatória ser exposta, Denise foi desligada da autarquia.

Conversas entre Denise e Marcelo Rodrigues, um dos sócios da FM Rodrigues, foram interceptadas e obtidas pela Folha e divulgadas pelas demais emissoras, revelando a preferência da então diretora pela empresa vencedora da disputa.

A FM Rodrigues conquistou o contrato devido à desabilitação do consórcio concorrente, o Walks, formado pela Quaatro Participações, WPR (subsidiária do grupo WTorre, de Walter Torre), e KS Brasil Led Holdings. A eliminação do consórcio Walks da concorrência teve a participação de subordinados de Denise Abreu, ligados à comissão de licitação paulistana.

Nas conversas, gravadas entre outubro de 2017 e fevereiro de 2018, Abreu chega a usar a primeira pessoa do plural, “nós”, ao se referir à FM Rodrigues, e declara ser inimiga de Walter Torre, empresário que faz parte do consórcio concorrente.

Nas gravações, feitas por uma secretária, Denise demonstra intimidade com Marcelo Rodrigues. Ela afirma: “Estão deixando o Walter andar. Estão deixando o Walter ganhar e o cara [Marcelo Rodrigues] falou: ‘Tô fora’. Não tenho nenhum contato nem vou me mexer com a Walter Torre. Nem vou. Ao contrário. Sou inimiga deles.” A secretária pergunta: “Mas você não vai ganhar a PPP?” Abreu responde: “Não. Na PPP, existem dois concorrentes.” A diretora então relata à secretária que a FM Rodrigues é uma das concorrentes. A secretária interrompe: “Que é do seu Marcelo”.

A disputa pelo contrato foi marcada por diversos problemas com o TCM (Tribunal de Contas do Município) de São Paulo e por ações judiciais entre as duas concorrentes, em um processo que se arrastou por pelo menos dois anos. Logo após o anúncio da desclassificação, o grupo Walks acionou a Justiça para tentar impedir a assinatura do contrato e também entrou com uma representação no Ministério Público.

Antes do resultado da licitação e dos problemas envolvidos, a FM Rodrigues já prestava serviços de iluminação pública em São Paulo por meio de um contrato emergencial.

Atualmente, a empresa detém a concessão da iluminação pública em municípios da Grande São Paulo e em capitais como Rio de Janeiro, Fortaleza e Manaus. A empresa está interessada em processos licitatórios em todo o Brasil, como a disputa em aberto pela Prefeitura de São Luís, com o objetivo de expandir seu poder e atuação.

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