AQUARTELAMENTO

Ministros de Lula, Rui e Dino investiram alto em colégios militares

Dois dos atuais ministros de Luiz Inácio Lula da Silva, Rui Costa (Casa Civil) e Flávio Dino (Justiça e Segurança Pública) investiram fortemente na militarização das escolas em seus respectivos estados, embora o modelo cívico-militar seja atribuído a políticos com alinhamento ideológico à direita. Eles governaram Bahia e Maranhão antes de tomarem assento na Esplanada petista.

Segundo a pós-doutora em Educação pela Unicamp e doutora pela USP, Catarina de Almeida Santos, o processo de militarização das escolas brasileiras teve início no fim da década de 1990, tendo início em estados do centro-oeste brasileiro.

Mas foi na gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro que as escolas militarizadas se expandiram, a partir da criação do Programa Nacional das Escolas Cívico-Militar (Pecim), extinto por Lula na última semana.

“Cívico-militar é uma das terminologias das escolas militarizadas. Para se ter uma ideia, temos pouco mais de 200 escolas cívico-militares no âmbito do Pecim, mas somamos 800 militarizadas a partir de acordos e leis estaduais”, explica Catarina.

No campo da esquerda, um dos que apostaram alto na militarização da educação foi Flávio Dino, que transformou escolas públicas estaduais do Maranhão em “Colégios Tiradentes”.

“A militarização da Unidade Integrada Padre Delfino e do Centro de Ensino Monsenhor Clóvis Vidigal, ambas transformadas em Colégio Tiradentes IV e V, se deu por meio da Lei nº 10.664, de 28 de agosto de 2017, sancionada pelo então governador Flávio Dino. A militarização continua avançando no atual governo do estado”, observou a pesquisadora ao Jornal O Globo.

Segundo Catarina, quando se diz que a escola militarizada tem um Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) melhor, parte da explicação é o fato de justamente ela excluir as variáveis que diminuem o Ideb, como alunos com menor rendimento ou alunos com deficiência. Só deixam o “aluno ideal”, deixando de lado toda a diversidade. Os estatutos próprios destes estabelecimentos de ensino também vedam a presença de alunos do Ensino de Jovens e Adultos (EJA) e proíbe “distorções etárias” – alunos que não estão no ano letivo adequado para a idade.

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