Coragem, cachaça ou ingenuidade: O que levou Waldir a tentar barrar o impeachment de Dilma?
A decisão do presidente interino da Câmara, Waldir Maranhão, de anular a votação do impeachment, é mais um capítulo da controvérsia história política deste veterinário que já foi reitor da UEMA e cumpre o seu terceiro mandato de deputado. Maranhão que de fato leva o nome do Estado em seu RG é o típico político vaselina, ora está em cima do muro, ora desce do muro.
Desde que surgiu no cenário político maranhense em 2006, ninguém sabe dizer qual é a posição do deputado, mas a justiça conhece suas artimanhas. Maranhão se diz aliado de Flávio Dino, de Dilma e de Eduardo Cunha. Até dias atrás, Waldir era próximo de Eduardo Cunha; um dos líderes do PP e ex-secretário Estadual de Ciência e Tecnologia do Maranhão na gestão de Roseana Sarney.
Três dias antes da votação do impeachment da presidente Dilma, ele é visto em Brasília entrando no mesmo hotel que o ex-presidente Lula para tomar uma “cachacinha”, afinal os dois gostam bastante. No dia 17 de abril, data da votação, ele contraria o PP e Eduardo Cunha e vota contra o afastamento da presidente Dilma. No dia 19 de abril, ou seja, dois dias depois da votação do impeachment, ele decidiu limitar a investigação do Conselho de Ética sobre o presidente Eduardo Cunha – o que, na prática, proíbe que ele seja investigado sobre as acusações de que teria recebido propina na Lava Jato. Depois assume a presidência da Câmara e decide anular a votação. Difícil de entender esses nuances.
Ao que tudo indica, Maranhão foi seduzido pela quase certa eleição de senador na chapa de Flávio Dino em 2018 e com a volta a Secretaria de Ciência e Tecnologia. O deputado está envaidecido com o cargo de presidente da Câmara, quer se manter nos holofotes, mas demonstra fraqueza em muitos momentos, como na sexta-feira (6), quando surpreendeu um grupo de deputados do PT, PCdoB, PSOL e Rede que foi ao seu gabinete pedir que ele abrisse uma sessão de debates no plenário e pediu três minutos para “falar com Deus”. Esses “pulos” mostram a incoerência e o desespero em ficar isolado, depois que perdeu o comando do PP no Maranhão.
Waldir Maranhão também é um sujeito enrolado. O deputado federal foi citado na Operação Lava pelo doleiro Alberto Yousseff como um dos parlamentares que recebiam propina nos esquemas da Petrobras. Ele nega as acusações. Além disso, seu nome aparece na lista de contas reprovadas pelo Tribunal Regional Eleitoral do Maranhão, o deputado não soube explicar a procedência de recursos destinados à sua campanha em 2010. Na sua declaração de patrimônio ao Tribunal Superior Eleitoral, em 2014, ele disse possuir apenas R$ 813 mil em bens. Uma casa de R$ 350 mil e um consórcio de R$ 463 mil, mas o mesmo disse ter doado, do próprio bolso, R$ 550 mil à sua própria campanha de 2014.
Ingenuidade, incoerência e ganância. Junte as três palavras e você vai ter a resposta sobre a mudança súbita de postura de Waldir Maranhão.
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