sucessão no stf

O xadrez político de quem quer Flávio Dino ministro do STF

Veja

O presidente Lula não concluiu sequer o primeiro ano de mandato, mas uma conjunção de articulações políticas tem sido colocada sob a mesa para minimizar as chances de o PSB, partido do vice Geraldo Alckmin e do ministro da Justiça Flávio Dino, se arvorar para cima do PT e se apresentar como sucessor natural do espólio de Lula. A preço de hoje, nenhum petista de proa contabiliza que os dois principais expoentes do partido no primeiro escalão do governo irão em algum momento trair o presidente, mas alguns petistas têm fomentado uma estratégia para minimizar ainda mais o risco de que isso um dia ocorra.

Por essa lógica, não seria à toa que o nome de Dino apareceu nos últimos meses como um forte candidato à indicação ao Supremo Tribunal Federal (STF) na cadeira que será aberta, no final de setembro, com a aposentadoria compulsória de Rosa Weber. Cultivar a vaidade do ministro, que foi juiz federal e tem conhecidas ambições de um dia chegar ele próprio à Presidência da República, com essa possibilidade pode ser um caminho para retirá-lo da lista de presidenciáveis em potencial. Um dos mais importantes integrantes da Esplanada, Dino conta com simpatia de integrantes do tribunal, como o decano Gilmar Mendes.

A VEJA revelou em abril que o hoje ministro Cristiano Zanin e o presidente do Tribunal de Contas da União (TCU) Bruno Dantas fizeram uma espécie de acordo informal para que os dois, ao longo do ano, conquistassem uma vaga na Corte. Zanin teria o acesso que Dantas goza junto à classe política e, escolhido, faria chegar ao presidente Lula que seria de bom tom a segunda vaga ser do chefe do TCU. O ex-advogado de Lula de fato foi escolhido para a sucessão de Ricardo Lewandowski no STF, mas a entrada da atual advogado-geral da União Jorge Messias no páreo criou, segundo interlocutores, certa dose de constrangimento para que Zanin endosse de forma explícita o nome de Dantas porque isso equivaleria a relegar a segundo plano um quadro do próprio governo petista.

No xadrez pela sucessão de Rosa, também por nós como este envolvendo a disputa direta entre Dantas e Messias é que petistas acreditam que podem emplacar Flávio Dino no STF e desanuviar o caminho para eleições futuras. É atribuída ao ex-presidente do Supremo Nelson Jobim, de quem o ministro da Justiça foi secretário-geral no Conselho Nacional de Justiça (CNJ), a máxima de que “cargo de ministro do Supremo não se postula nem se recusa” – ainda que, na situação de Flávio Dino, isso represente abrir mão de um dia disputar o Palácio do Planalto no pós-Lula.

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