A consulta prévia da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) para a escolha dos novos Reitor e Vice-reitor da instituição foi realizada em 21 de julho, mas o assunto continua em voga para além dos muros universitários. As atas das reuniões da comissão eleitoral, por exemplo, sequer foram apresentadas à comunidade acadêmica até os dias de hoje.

A lista tríplice foi definida de modo a beneficiar o candidato à reitoria de preferência da atual gestão. Fernando Carvalho, de fato, foi conduzido na liderança em relação aos outros dois nomes, após diversas manobras e sucessivas ilegalidades.

A desordem segue presente no processo. No último dia 25 de agosto, durante a 118ª Sessão Extraordinária do Conselho Universitário (CONSUN), o reitor Natalino Salgado protagonizou mais um ato ilegal ao alterar a votação uninominal que deveria ser feita entre os presentes. Ao invés de cada membro votar em somente um nome, como deveria ser, em consonância com o Estatuto da Universidade, foram realizadas seis eleições diferentes. O mandatário foi advertido da ilegalidade pelos conselheiros, mas ignorou a situação.

Alguns conselheiros chegaram a apresentar recursos ao CONSUN, solicitando a anulação da reunião. O julgamento das ações será na próxima quarta-feira (13), quando outro recurso, que pede a anulação da consulta prévia de julho, também será julgado.

A relatoria dos processos no conselho universitário será de Walber Lins Pontes, reconhecidamente ligado a movimentos bolsonaristas, contrário a qualquer possibilidade democrática dentro da Universidade. A escolha de Natalino não se deu pelo mero acaso, já que Pontes foi responsável por garantir direito a voto a funcionários da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) dentro da UFMA, o que reduziu os servidores a 7% proporcionais.

Seu nome também aparece como recebedor de bolsa de R$ 10.000,00 mensais, em um suposto esquema que seria comandado por um ex-senador maranhense.

Entre os 115 integrantes do CONSUN, Walber Lins não estaria entre os mais indicados para a relatoria dos processos, já que seria interessado direto nas matérias em questão.

Diante da situação, começa a se levantar a possibilidade de o imbróglio estar sendo criado propositadamente, a fim de retardar a escolha da lista tríplice pelo Ministério da Educação, mantendo Natalino como Reitor Pro tempore da UFMA, como visto à época da reitora Nair Portela. Mais uma das inúmeras irregularidades que se tornaram marcas da atual gestão universitária.