DOIS MINISTROS, DUAS MEDIDAS

Dino é blindado enquanto Juscelino apanha sem dó

Os ministros do terceiro governo de Luiz Inácio Lula da Silva não sabiam, mas colocaram alvos imensos em suas costas quando assinaram o termo de posse em 1º de janeiro de 2023. Dois deles, Flávio Dino (Justiça) e Juscelino Filho (Comunicações), seguem na Esplanada, apesar dos bombardeios diários, sendo tratados de maneiras bem diferentes quando são atacados pela imprensa, opositores de Lula e até mesmo por progressistas mais radicais.

Juscelino é pauta recorrente da imprensa nacional desde o início do ano. O Estadão revelou um suposto desvio de emendas parlamentares para benefício próprio, com o asfaltamento de uma estrada em Vitorino Freire que leva à fazenda da família do ministro.

Depois, passou a contabilizar as viagens realizadas por Juscelino a bordo de aviões da Força Aérea Brasileira ou sendo reembolsado pelos custos de voos comerciais.

Ontem e hoje, a Folha de São Paulo trouxe uma sequência de matérias negativas à imagem do ministro. Primeiro, sugerindo que ele pagou a si próprio destinando emendas para obras executadas por uma empresa da qual seria sócio oculto. Depois, relatando que a estrada citada acima teve duplicidade na destinação de emendas.

Em todas as vezes em que é procurado pela imprensa para se manifestar sobre as reportagens, Juscelino age de maneira republicana: não ataca jornalistas, não destrata repórteres, não ameaça censurar matérias ou processar veículos… Somente utiliza do espaço, com resiliência, para se defender das acusações.

Juscelino faz a própria defesa de maneira solitária. Ao contrário do que se percebe quando Dino é a “bola da vez”, não aparecem montagens grotescas com dados e ofensas a jornalistas, tampouco pululam notas de solidariedade dos colegas de ministério e parlamento.

Já Dino se manifesta raivosamente, em ato que emula o “apito de cachorro”, disparando o alerta em toda a matilha que o cerca, que sai prontamente em defesa do dono.

Dois pesos e duas medidas dentro do mesmo conclave formado por Lula para comandar os destinos do país.

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